A desistência da
instalação das refinarias Premium I e Premium II, respectivamente no Maranhão e
no Ceará, anunciada pela Petrobras, desfaz de modo desastroso a crença segundo
a qual o Estado caminhava, de fato, para implantar a infraestrutura de seu
desenvolvimento econômico.
Projetos estimados em U$
30 bilhões, sendo U$ 15 bilhões para cada uma, esses empreendimentos foram
lançados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, antevendo com essas
indústrias de base o aproveitamento da riqueza petrolífera identificada na
costa atlântica entre o Ceará e o Maranhão, continuidade natural da matriz
petrolífera identificada até Mossoró no Rio Grande do Norte.
Em mais de uma
oportunidade, tanto o presidente Lula, quando ainda no poder, como a presidente
Dilma Rousseff, ao tempo de seu primeiro mandato, reasseguraram, por vezes,
seus compromissos com esses empreendimentos considerados como redentores para
os dois Estados nordestinos.
A Petrobras sempre
manteve no passado sigilo em torno das sondagens sobre as riquezas
petrolíferas, por causa da concorrência internacional que influenciava suas
operações. Limitações no número de pesquisadores especializados, embaraços
políticos e a competição externa limitavam seu crescimento.
Em 1960, o geólogo
norte-americano Walter K. Link foi contratado pela estatal para oferecer
parecer sobre as potencialidades do petróleo brasileiro. Em quatro cartas
(estudos), ele provocou reações de toda natureza ao negar a existência de
petróleo explorável economicamente em terra. O mar, e não a terra, seria a
fonte de petróleo e gás natural no Brasil do futuro. A prioridade na prospecção
deveria ser dada ao litoral de Sergipe e à bacia do Alto Amazonas.
Cinquenta anos depois, o
País entrou em fase de deslumbramento com o pré-sal, antecedido por inúmeros
campos petrolíferos instalados no Atlântico. Os sinais do combustível, no
Ceará, datam de 1966, tendo Paracuru como o norte das pesquisas. O óleo aqui
encontrado é raro, fino e de alta qualidade, prestando-se para a composição de
combustíveis especiais. As explorações realizadas no litoral de Paracuru
confirmam o parecer de Mister Link, corrigindo-o, no entanto, sobre o potencial
da reserva abrigado no subsolo. A
fazenda Belém, em Icapuí, é um exemplo de milhares de campos de produção em
terra instalados no País.
Diante do compromisso do
governo federal de implantar uma refinaria Premium II no litoral de Caucaia, o
Estado, de pronto, lhe assegurou água como insumo essencial; acesso por
rodovias e ferrovia; base física para as instalações; porto moderno para
exportação de seus produtos e tudo o mais requisitado para a consolidação do
empreendimento.
Desde quando a
economista Graça Foster assumiu a presidência da Petrobras, a questão da
refinaria no Ceará foi postergada como excluída do interesse prioritário. Mas
foi somente na conturbada reunião do Conselho de Administração da empresa,
nesta semana, que se proclamou o veredicto: não há condições de continuar o
projeto da refinaria. A justificativa da decisão foi embasada em dois motivos
que sempre foram questionados desde o anúncio do projeto: falta de retorno
financeiro e de sócios confiáveis para a realização da obra.
De acordo com as
primeiras informações, o projeto ora descontinuado poderá ser retomado dentro
de dez anos, quando as condições mercadológicas o favorecerem. Dá para
acreditar?
Caiu a máscara política
do projeto; a fantasia foi rasgada antes do Carnaval.
Fonte: Editorial – Diário do Nordeste (30/ 01/ 15)
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