Projeto Remar promove a prática de stand
up para pessoas com limitações físicas e intelectuais. O trabalho acontece na
Lagoa do Colosso com apoio de voluntários
Os
olhos podem não ver, as pernas podem não sentir e a cabeça pode não estar no
mesmo "tempo" que o da maioria das pessoas, mesmo assim nada é
empecilho para um grupo se aventurar nas águas da Lagoa do Colosso. Todas as
quartas-feiras, bem cedinho, eles começam a chegar ao local para praticar o
stand up, modalidade esportiva que integra o homem à natureza. A iniciativa é
do Projeto Remar que, graças aos voluntários, promove saúde, lazer, estímulo e
socialização.
À
beira da lagoa já é possível perceber o grau de independência e liberdade dos
participantes: uma cadeira de rodas e um par de muletas são trocadas por uma
prancha, um remo e um desejo enorme de se superar nas águas doces da lagoa. O
cenário é perfeito e o clima propício para trabalhar a mente e o corpo,
principalmente daqueles que enfrentam diferentes tipos de limitações.
'No tempo de Deus'
Um
dos integrantes do projeto é Elione Sousa, 31 anos, o Aracati, como é mais
conhecido. Ele perdeu a perna esquerda e, por pouco, não perdeu a vida num
acidente grave de motocicleta ocorrido no Carnaval de 2010. Após beber todas,
como ele mesmo admite, subiu na moto para pilotar. Não deu outra! O prejuízo
físico e emocional foi inevitável. Por outro lado, Aracati conta da
transformação em sua vida.
"Eu
era sedentário, vivia na farra e não media as consequências. Hoje, eu respiro
esporte 24 horas por dia, sou um triatleta", revela com satisfação e
brilho nos olhos verdes de esperança. Claro que para chegar até aqui passou por
um tempo de tratamento, reabilitação e treino orientado pelo professor e
especialista em psicomotricidade, Vicente Cristino, que o acompanha por meio
dos serviços oferecidos pelo Núcleo de Atenção Médica Integrada (Nami) da
Universidade de Fortaleza (Unifor).
De
segunda a sexta-feira, Elione fica em Fortaleza, na casa de uma irmã. Depois,
segue para a sua cidade, Aracati, onde mora a esposa e o filho de 9 anos. Uma
de suas expectativas é conseguir a prótese, mas ainda está na fila de espera.
Enquanto isto, vai preenchendo sua vida com as diferentes modalidades de
esportes, incluindo aí o stand up, onde desenvolve melhor o seu equilíbrio.
"Eu perdi um membro, mas ganhei outras oportunidades. Minha vida hoje é
muito melhor. Tudo acontece no tempo de Deus", finaliza.
Cristina Pioner
Redatora
Redatora
Fonte: Vida – Diário do
Nordeste (01/ 02/ 15)
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