Dois
vigilantes e um operário foram achados mortos. A suspeita é de um duplo
homicídio seguido de suicídio
Três pessoas foram achadas mortas na
subestação da Companhia Energética do Ceará (Coelce) de Cascavel, na Região Metropolitana
de Fortaleza (RMF), durante a manhã de ontem. A Polícia acredita que depois do
duplo homicídio, o atirador tenha disparado contra a própria cabeça. As vítimas
são dois vigilantes que trabalhavam no local e um operário terceirizado da
Coelce, que atuava no Centro de Serviços do Município.
De acordo com informações do major Edálcio
Aragão, que estava na Supervisão de Policiamento da Capital (CPC), ontem, o
tumulto deve ter começado no momento da troca de turno dos vigilantes, por
volta das 18h do último domingo. "Ainda não se sabe porque, mas houve uma
confusão e um deles teve uma atitude totalmente desproporcional", contou o
oficial.
Conforme o major, José Gilberto Alves estava
saindo do trabalho e seria rendido por Marciano Costa da Silva quando a briga
se deu. O funcionário terceirizado da Coelce Raimundo Nonato Matias teria
escutado os disparos e foi até o local ver o que estava acontecendo. Neste
momento, Silva teria atirado também contra o operário, que tombou morto,
baleado nas costas e da nuca.
De acordo com a Polícia, depois das
execuções, o vigilante escreveu uma carta contando o que aconteceu e se
suicidou. "Os tiros foram propositais em todas as vítimas. Não havia
nenhum sinal de que uma quarta pessoa tenha entrado na subestação.
Infelizmente, o que os sinais apontam é que, em um momento de stress intenso,
ele perdeu a cabeça" disse o militar.
Perícia
A carta e a arma do vigilante foram
apreendidas pela equipe da Delegacia Metropolitana de Cascavel (DMC) e serão
enviadas para a sede da Perícia Forense do Ceará (Pefoce) para serem
periciadas. "O que preocupa é a diminuição do valor da vida. Matar está se
tornando banal. As pessoas veem motivo em tudo para tirar uma vida. Esse rapaz
devia estar passando por um problema sério e acabou descontando no colega de
trabalho. Pela quantidade de disparos que efetuou dá para ver que estava
transtornado", disse Edálcio Aragão.
O militar informou que no local do crime
ninguém soube dizer o que pode ter causado a discussão. Os colegas das vítimas
afirmaram que não tinham conhecimento de nenhum desentendimento entre os
vigilantes que pudesse ter se agravado. O major disse que todos foram pegos de
surpresa e demonstraram espanto com o episódio.
"Acreditamos que o fato tenha acontecido
na noite de domingo, mas como só eles três estavam no local, os corpos só foram
encontrados pelo funcionário que chegou hoje (ontem). É mesmo um fato muito
traumático, que será difícil de ser esquecido, ou compreendido",
considerou Aragão. Familiares de Gilberto Alves que estiveram no local
afirmaram à Polícia que o vigilante iria se aposentar nos próximos meses.
A empresa Ceará Segurança de Valores Ltda,
onde os dois vigilantes trabalhavam, informou que lamenta profundamente o que
aconteceu a seus dois funcionários e ao operário terceirizado da Coelce.
Antigos
O gerente de recursos Humanos, Valdo
Nascimento, disse que as vítimas eram funcionários antigos e nunca apresentaram
nenhum tipo de comportamento divergente do que é exigido pela empresa.
"Gilberto trabalhava conosco desde o ano
de 1991 e Marciano desde 2006. Nunca causaram nenhum tipo de problema. Aliás,
nenhum vigilante desta empresa se envolveu em um caso tão grave. Isso é inédito
para nós".
O gerente disse ainda que todos os vigilantes
da Ceará Segurança são submetidos periodicamente à avaliações psicológicas, que
analisam sua capacidade de lidar com situações de alto stress. Segundo ele, os
dois funcionários mortos, ontem, estavam com seus exames em dia.
Sobre os possíveis motivos do fato,
Nascimento disse que "não quer se pronunciar a respeito, porque sabe
apenas de especulações. A ocorrência foi de natureza tão misteriosa que seria
leviano afirmar algo. Estamos aguardando uma resposta das perícias feitas no
local e da Polícia".
Por sua vez, a Coelce informou, por meio de
nota que, "lamenta profundamente o ocorrido e aguarda o andamento das
investigações da Polícia".
Márcia
Feitosa
Repórter
Repórter
Fonte: Polícia – Diário do Nordeste (27/ 01/ 15)
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