Sem
receber auxílios, estudantes estariam com dificuldades de pagar aluguel e até
de comprar comida.
Estão suspensas, por tempo indeterminado, as
aulas nos campi dos municípios de Redenção e Acarape da Universidade da
Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab). O motivo
alegado pela instituição é a invasão de salas de aula por parte de um grupo de
alunos, que estariam obstruindo aulas, causando prejuízos em patrimônio público
e ameaçando professores. Estudantes fizeram ameaça de greve na instituição. O
motivo seria o atraso no pagamento de auxílios estudantis. Alunos alegam atraso
de até quatro meses, mas a reitoria da Unilab diz que o atraso foi de apenas 18
dias.
Por trás da situação, uma dificuldade
admitida pelos dois lados: a dificuldade financeira de muitos estudantes,
especialmente em alimentação e moradia. As aulas foram suspensas no campus
Liberdade, em Redenção, e campus Palmares, no município de Aurora.
A interrupção das atividades acadêmicas foi
oficializada na manhã de ontem pela reitoria da universidade. No mesmo dia, os
auxílios em atraso foram pagos, conforme a instituição.
O principal ponto de divergência é sobre a
dimensão do atraso em pagamentos, que segundo a Unilab fora de apenas 18 dias,
porque se estava aguardando repasse pelo Ministério da Educação. Cada estudante
pode receber até dois dos quatro auxílios disponíveis por mês: moradia (R$
380), alimentação (R$ 150), transporte (varia de R$ 90 a R$ 270) e social (R$
380, para indivíduos em extrema vulnerabilidade). Outros dois auxílios são
eventuais: de instalação (R$ 760, repassado apenas uma vez para compra de
móveis) e auxílio emergencial (R$ 380, para quem se enquadra em situação de
extrema vulnerabilidade).
Aluguéis
caros
Os alunos alegam que o principal elemento de
dificuldade financeira é a moradia. Como a própria reportagem atestou em
Redenção. Desde o início das aulas da Unilab, há três anos, aumentou o valor do
aluguel na cidade. "Comprometemos boa parte da bolsa com aluguel de onde
moramos, que parece que para nós cobram mais caro que para quem não é estudante
da Unilab", afirma Maira Badinca, estudante de letras. Ela foi informada
ontem pelos colegas que não haveria aula.
Inicialmente, aos novatos é oferecido o
Programa de Hospedagem Solidária, que tem duração de até 45 dias, tempo para
vencer a burocracia da liberação dos auxílios. Estudantes recém-chegados de
Guiné-Bissau alegam que ontem foi o primeiro auxílio que receberam em quase
quatro meses de estadia. "Dizem para os nossos pais que vamos ter até
residência gratuita, mas chegando aqui a realidade é outra", afirma um
estudante guineense que pediu para não ser identificado. A residência
estudantil, em construção, só será entregue em 2015. A universidade alega que
os manifestantes danificaram lousas digitais, equipamento entre os mais caros
da instituição. A tensão que ocorre nesta semana na Unilab tem assustado
professores, que se sentem ameaçados, e estudantes.
Os principais envolvidos, entre denunciantes
e denunciados, não querem se identificar e a própria universidade tem se
manifestado por meio de nota. Primeira universidade no mundo a integrar os
países de língua portuguesa, a Unilab recebe, além de estudantes brasileiros,
alunos de Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
Melquíades Júnior
Repórter
Repórter
Fonte: Jornal Diário do Nordeste
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