No dia 1º de abril deste ano o Brasil fez
memória dos 50 anos do golpe militar e este foi um momento propício para
relermos as páginas manchadas de dor e coragem de nossa história. Neste dia, as
Cebs, pastorais sociais e organismos da Arquidiocese de Fortaleza realizaram um
momento de oração e de escuta da profecia daquele que vivenciou até as últimas
consequências sua fidelidade ao Evangelho.
Diante do túmulo de Frei Tito de Alencar,
cearense e natural de Fortaleza, não se fez memória como se faz costumeiramente
de um personagem do passado ou de uma ilustre figura da história. Para a
tradição cristã, fazer memória não é somente ”lembrar”, é trazer presente os
sonhos e a fé de alguém que teve a coragem necessária de demonstrar a profecia
que seu tempo exigia, e assim, imitar o Mestre: perdendo e ressurgindo,
morrendo e renascendo.
Tito é a vida doada por um projeto que ainda
hoje se faz necessário: uma sociedade mais justa. Suas causas vão muito além de
ideologias e apregoações canônicas. Seu valor único para a Igreja e para o
Brasil é o que o torna presente em outras vidas. E diante das atrocidades que
ele viveu, nós temos sim, que fazer memória para que não se esqueça jamais de
tantas pessoas, jovens, idosos, crianças, que tiveram na sua dolorosa paixão mais
estações do que a descrita em Mateus 21.
Oxalá, que a Igreja que Tito tanto pedia
ajuda nos momentos de dor e que inicialmente esteve relutante quanto à denuncia
das torturas, nestes “tempos de Francisco”, comece a fazer uma memória mais
incisiva daqueles e daquelas que fizeram das suas vidas um testemunho autêntico
do Senhor.
Que recobre a dor de tantos que ainda hoje
sofrem, das lágrimas que escorrem feito rios de sangue e da miséria que não é
digna da obra do criador. “Toda honra a quem ela merece!”... A-Deus Tito!
João Leondenes Facundo
joaoteol@yahoo.com.br
Estudante de História (Uece) e de Teologia da
Faculdade Católica
de Fortaleza
Jornal Opovo
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