As experiências do projeto "Ler para Crer"
são contadas em livro, que será lançado, às 19h, na sede da Adufc
Construídas em espaços cedidos por moradores das comunidades onde são
instaladas ou ocupando edificações que estavam desativadas, as bibliotecas
comunitárias, equipamentos culturais que incentivam a socialização e a difusão
da memória, enfrentam limitações. Um deles, a falta de ajuda financeira por
parte do poder público.
"Os responsáveis são voluntários e não há verba", admite Lídia
Eugênia Cavalcante, professora do Departamento de Ciências da Informação da
Universidade Federal do Ceará (UFC) e coordenadora do projeto piloto "Ler
para Crer", consiste na implantação de bibliotecas comunitárias em
municípios cearenses.
Para contar a experiência vivida por cada um dos oito professores que
participam do projeto, começou em 2009, será lançado, hoje, às 19h, a coletânea
"Biblioteca e comunidade: entre vozes e saberes", organizada pelas
professoras Lídia Eugênia Cavalcante e Fátima Maria Alencar Araripe.
Considerado como um projeto vitorioso, um dos principais resultados é a
criação de oito bibliotecas, nos municípios de Itaitinga, Aquiraz e Redenção,
localizados na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Daí a garantia da
iniciativa continuar, tendo com alvo, municípios do Interior.
O lançamento acontecerá no Espaço Cultural do Sindicato de Docentes das
Universidades Federais do Estado do Ceará (Adufc). A solenidade contará com a
participação de Francimar Ferreira, que falará sobre a experiência da
biblioteca comunitária de Itaitinga, localizada na Região Metropolitana de
Fortaleza (RMF), além de apresentação cultural.
A obra é uma tentativa de transcrever o resultado do projeto de
extensão, que integra as atividades do curso de Biblioteconomia da UFC,
"Ler para Crer". A publicação materializa a metodologia empregada na
instalação desses equipamentos culturais, instalados fora da zona urbana da
Capital.
Capacitação
O trabalho seguiu várias etapas, entre outras, a realização de cursos,
treinamentos e oficinas, a fim de capacitar os moradores para a viabilização
desses espaços.
Em Itaitinga, os moradores se organizaram e criaram quatro bibliotecas;
nas cidades de Aquiraz e Redenção
foram duas. "Cada biblioteca tem um característica própria", explica
Lídia Cavalcante, completando que os equipamentos começaram a ser construídos a
partir de 2010.
Em Redenção, o espaço foi doado por um morador, enquanto em Itaitinga,
uma pequena escola desativada abriga atualmente uma das bibliotecas
comunitárias do município. A intenção da professora Lídia Cavalcante é
continuar desenvolvendo o projeto, que pretende investir na construção de mais
equipamentos em outros municípios do Estado.
"No momento, o nosso foco era, de fato, a produção do livro",
argumenta. Alunos de graduação também participaram do projeto, cujos frutos
gerados contribuem para movimentar a vida cultural das comunidades
beneficiadas.
A gestão dos equipamentos culturais é realizada pelos moradores, de
maneira voluntária, o que demonstra, de certo modo, uma das fragilidades da
ação.
Diferentemente das bibliotecas públicas, as comunitárias não contam com
verbas dos governos, o que pode prejudicar a continuidade do funcionamento.
As bibliotecas comunitárias ficam instaladas, muitas vezes, em
localidades distantes das sedes dos municípios. Por isso, desempenham
importante papel na vida cultural das pessoas.
No livro, os oito professores que participam do projeto relatam sobre as
oficinas ministradas com os moradores das comunidades. Envolve os temas
metodologia, aspectos jurídicos, acervo e conceitos e patrimônio e usuário.
Eles repassaram, ainda, noções de gestão, cultura e memória. "Não temos
condições para atender a todos os municípios", admite, justificando a
publicação do livro, no qual os autores condensam a metodologia empregada na
criação dos espaços culturais.
A professora revela que o Ceará é rico em bibliotecas comunitárias.
Trata-se de projeto piloto, de caráter acadêmico, que tenta juntar conhecimento
científico à prática, no sentido de aproximar as comunidades da leitura.
O primeiro passo é identificar as potencialidades das comunidades para
tornar o espaço atuante, no que diz respeito a impulsionar a socialização das
pessoas e contribuir para a difusão cultural.
Após a escolha dos locais, o próximo passo é partir para a
materialização da biblioteca. Na época, a Secretaria da Cultura do Estado do
Ceará (Secult-CE) contribuiu com doações para os acervos.
Os gestores recorrem também aos editais, citando "Mais
Cultura" e "Mais Leitura", com a finalidade de renovar os
acervos. "Hoje, atuam de forma ativa nas comunidades", destaca Lídia
Cavalcante.
O projeto contou, ainda, com recursos da Pró-Reitoria de Extensão
(Proext), do Ministério da Cultura (Minc) e do Ministério da Educação (MEC). Em
2010, a iniciativa ganhou o prêmio nacional "Viva Leitura".
Participam da coletânea, os professores: Alain Souto Rémy, Ana Maria Sá
de Carvalho, Juliana Buse de Oliveira Rémy, Luiz Tadeu Feitosa, Maria Eugênia
Bentemuller Tigre, Virgínia Bentes Pinto, Lídia Eugênia Cavalcante e Fátima
Maria Alencar Araripe.
Mais informações:
Lançamento da coletânea "Biblioteca e comunidade - entre vozes e
saberes", hoje, às 19h, no Espaço Cultural da Adufc (Avenida da
Universidade, 245, Benfica). Contato: (85) 3066.1818
Iracema Sales
Repórter
Repórter
Fonte: Caderno 3 – Diário do
Nordeste (06/ 03/ 15)
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