Sem confusão, proprietários atenderam aos pedidos
da Polícia Militar para encerrar o uso dos paredões nas praias do litoral. Mas
a tentativa de vetar o mela-mela enfrentou resistência dos brincantes
Cortes no
orçamento levaram as prefeituras de Beberibe, Paracuru e São Gonçalo a
cancelarem a contratação de bandas para o Carnaval. Para muitos foliões, a
solução para manter a festa animada seria os paredões. Mas o equipamento foi
proibido em algumas praias do Litoral Oeste e restrito em outras do leste. A
Polícia Militar ficou responsável pela fiscalização, que correu sem tensões
entre policiais e donos de carros de som.
Os foliões do
Paracuru fizeram a festa ao som de DJs. Comerciantes culparam a falta de shows
pelo movimento fraco em comparação a anos anteriores.
Por decisão
judicial, estava proibido o equipamento nas ruas de Beberibe. Mesmo assim, os
paredões continuavam ligados dentro das casas e podiam ser ouvidos de manhã até
a madrugada. Já em Morro Branco, os sons eram permitidos na região da Marina,
das 9h às 22 horas.
Nas ruas da Taíba,
o clima era de tranquilidade com exceção de poucos sons de carros nas casas. Só
pela tarde, blocos autorizados pela Prefeitura de São Gonçalo do Amarante
desfilavam em ritmo de marchinha. A programação oficial acabava à meia-noite.
“Há tempos, a população pedia o silêncio. Paredões incomodam os residentes”,
explica a secretária de Cultura de São Gonçalo do Amarante, Maria Vênus de
Andrade.
A decisão da
Prefeitura agradou o morador Ricardo Cyrino. “Acaba cedo e evita excessos. Traz
tranquilidade para as famílias”, argumenta.
Na praia de
Fortim, os paredões estavam proibidos na praia do Pontal do Maceió. Os
equipamentos eram liberados durante o mela-mela no Polo de Lazer Mauro
Cavalcante de Souza. Sem restrição ao uso dos aparelhos, a Delegacia Regional
de Aracati recebeu queixas de som alto na cidade.
Conhecida como
Carnaval dos Paredões, a Praia do Presídio reuniu foliões ao redor dos
equipamentos, liberados das 8h às 22 horas.
Mela-mela
Embora
a Prefeitura tivesse proibido a brincadeira, a maisena estava por toda parte em
Paracuru. Comerciantes vendiam a goma em diversos pontos da Praça da Matriz.
Segundo a Polícia Militar, não havia como reforçar o decreto municipal porque a
atividade não é crime no Código Penal.
Na Taíba, também
houve cancelamento do mela-mela, mas a resistência dos foliões foi menor. “Não
temos como controlar os brincantes”, lamenta Andrade.
1ª Carnaval
Davi Lucas Silva, 1 ano de idade
Alegria inocente de
quem estreava na festa
O
bebê Davi Lucas Silva, de apenas 1 aninho, estava se divertindo em seu primeiro
Carnaval no mela-mela de Morro Branco, no município de Beberibe (Litoral
Leste). Os amiguinhos, mais experientes, aproveitavam pelo segundo ano
consecutivo a festa na praia, com muita farinha de trigo e espuma. Davi
aproveitou a brincadeira ao lado de Maria Júlia Silva, 2 anos, Marley Silva, 3
anos, Maria Kayllani, 5 anos, e Kayke da Silva, 4 anos.
A fantasia
Sheik carnavalesco e
a refinaria cancelada
O técnico em
eletricidade Marcos Antônio Pereira Rodrigues aproveitou o Carnaval para fazer
um protesto irreverente contra o cancelamento da abertura da Refinaria Premium
II no Ceará. Em Paracuru, o fortalezense se vestiu de sheik árabe. Coberto dos
pés a cabeça no calor de 29ºC, ele fez sucesso na multidão. Rodrigues disse que
a fantasia foi inspirada na crise da Petrobras e no aumento abusivo do preço da
gasolina. “Tive que vir lá das Arábias para trazer um pouco do meu petróleo
para tentar abrir essa refinaria no Ceará”, diz em voz de sheik.
Praias lotadas e
animação
Se no sábado, dia
14, quando se esperava uma maior concentração de foliões nos principais
destinos carnavalescos do litoral cearense, sobrava espaço nas areias da praia,
no domingo, o cenário foi outro. Morro Branco, Canoa Quebrada e Paracuru foram
algumas das que amanheceram lotadas. Durante o dia, as areias das praias davam
espaço para brincadeiras e banhistas. Na praia da Taíba, a prática de kitesurfe
era um atrativo à parte, enquanto que, na de Prainha, era o passeio a cavalo.
Além da sombra das
barracas, os brincantes tomaram de conta de praças e avenidas. Em Beberibe, a
praça central reuniu foliões que queriam diversão, mas, ao mesmo tempo,
tranquilidade. Já na avenida Coronel Pompeu, no Centro de Aracati, o clima de
família foi substituído pelo de “pegação”. Quando os trios passavam, jovens
flertavam uns com os outros. O tradicional mela-mela também motivou a
concentração de foliões, como no Polo de Lazer da Prainha. A brincadeira
começava à tarde e seguia junto com os shows, à noite.
Átila Varela,
Beatriz Cavalcante, Isabel Filgueiras e Jully Lourenço
Fonte: Cotidiano – Jornal O povo (18/
02/ 15)
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