Prefeitos
dos oito municípios cearenses que fazem parte do projeto "Cinema perto de
você" esperam por contato da Secult
Desde setembro do ano passado, os prefeitos
das oito cidades cearenses beneficiadas pelo projeto "Cinema perto de
você" definiram os terrenos onde serão construídas 16 salas de cinema,
orçadas em R$ 20 milhões. No entanto, até o momento, nenhuma edificação começou
a ser erguida.
Alguns prefeitos cobram informações da
Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult-CE) sobre o encaminhamento do
projetos anunciado ainda na gestão passada da pasta. Por enquanto, eles ainda
não saíram ainda do papel.
A ação faz parte do programa "Brasil de
todas as telas", uw funciona, desde 2010, investindo na criação de salas
de cinema fora do circuito comercial, localizadas principalmente, nas capitais
e em shopping centers. A filosofia do programa é investir nas regiões Norte,
Nordeste e Centro-Oeste, elevando tanto a produção quanto o número de salas de
exibição. A assessoria da comunicação da Agência Nacional de Cinema (Ancine)
garante que os recursos do programa "Brasil de todas as telas",
lançado em julho do ano passado, com o objetivo de diversificar e incentivar a
produção audiovisual brasileira, estão assegurados, já que fazem parte do orçamento
de 2014.
Conforme informações da Secult-CE, 80% dos
recursos são da Agência Nacional do Cinema (Ancine) e 20% de contrapartida do
Estado (representando verbas de R$ 2,5 milhões e R$ 500 mil, respectivamente).
Em nota, a Secult informa que, na última
quarta-feira, o governador aprovou o Monitoramento de Projetos Prioritários
(Mapp), garantindo que a construção faz parte do documento. O que significa que
os recursos estão assegurados. Serão beneficiados os municípios de Aracati,
Canindé, Crateús, Tauá, São Benedito, Itapipoca, Iguatu e Crato. Cada cidade
ganhará duas salas de cinema, com capacidade para 100 e 200 lugares, cada uma.
"A Secult tomou as providências formais necessárias para firmar o contrato
de repasse dos recursos entre a Ancine e a Caixa Econômica Federal (CEF). Com
esse contrato fechado, passa-se agora à fase de confirmação, pelas prefeituras,
da disponibilização dos terrenos para a construção dos cinemas", prossegue
a nota.
Também estão previstos os ajustes nos
projetos, sendo aberta em seguida a licitação para a escolha das empresas que
executarão as obras. A pasta promete realizar reunião com os prefeitos das
cidades envolvidas, ainda este mês, na sede da Secult. O objetivo é fechar um
acordo de cooperação entre as partes.
No
papel
Por enquanto, o projeto ainda não saiu do
papel, pelo menos nas cidades de Canindé e Crato. "De concreto já temos um
dos locais para a construção de uma das salas", afirma o prefeito de
Canindé, Celso Crisóstomo (PT), explicando que as prefeituras entram com os
terrenos, participação de 10% dos recursos. Os outros 90% viriam do Ministério
da Cultura.
Após a construção das salas, o próximo passo
será a discussão sobre a gestão e a administração das salas, que seguem o modelo
privado. O incentivo do governo se restringe à construção das salas.
Jander da Silva, chefe de gabinete da
Prefeitura de Canindé, revela que a partir da nova administração da Secult_CE,
não recebeu mais informações sobre o encaminhamento do processo de construção
das duas salas de cinema no município. Na última gestão, foram apresentados a
proposta e o terreno a representantes da secretaria e da Ancine. Prometeu
entrar com contato com a Secult-CE para saber sobre alguma novidade.
A secretaria de Cultura do Crato, Dane de
Jade, afirma que foram cumpridas algumas etapas do projeto, citando a
realização do diagnóstico do local, constou de uma visita "in loco",
feita pelo presidente da Ancine, Manoel Rangel, além de técnicos. Garante que o
titular da Secult-CE, Guilherme Sampaio (PT), está ciente de todo o processo.
Os terrenos foram escolhidos, as salas serão
construídas no centro do Crato, cidade centenária, mas que não possui um
cinema. Embora tenha sido o primeiro município a fazer uma projeção no Estado,
chegando a contabilizar cinco salas de cinema, em outras épocas. Em
contrapartida, "temos cineastas e coletivos trabalhando". Há
perspectiva de implantação do curso de audiovisual na Universidade Federal do
Cariri (Ufca), completa a secretaria.
Apesar
da crise, cinema vive bom momento
Projeto "Brasil de Todas as Telas"
foi lançado em julho do ano passado, com previsão de investimento de R$ 1,2
bilhão, em ações voltadas para a capacitação de profissionais do setor do
audiovisual e aumentar o número de salas de cinema no País
Depois de sofrer os efeitos da operação de
desmonte, na década de 1990, pelo então presidente Fernando Collor de Mello
(1990 - 1992), o setor do audiovisual brasileiro demorou a sair do fundo do
posso. Passados mais de 20 anos, o cinema dá sinais da revitalização.
Vitalidade que pode ser observada pelos mecanismos que foram implementados ao
longo das últimas décadas. Assegurar o cumprimento de cotas da produção
nacional nas telas dos cinemas, retomada do registro das obras, aperfeiçoamento
e fomento do setor são algumas dessas transformações.
A injeção viria mesmo em julho do ano
passado, quando o governo lançou o ambicioso programa "Brasil de Todas as
Telas", orçado em R$ 1,2 bilhão, a serem gastos na capacitação
profissional e aumento no número de salas de cinema no País.
O recurso para criação de novos espaços de
exibição é proveniente do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). Orçado em R$ 60
milhões, o projeto destinará R$ 12 milhões para cada região brasileira,
conforme chamada pública aos produtores independentes de todas as regiões do
País, que queiram participar do edital para a linha de produção de conteúdos
destinados às TVs públicas do programa. A chamada atual foi prorrogada pela
Ancine até o dia 27 de abril.
Produção
No que toca a criação, no Nordeste, merecem
destaque os estados do Ceará, Pernambuco e Bahia. Hoje, o audiovisual
brasileiro respira aliviado, após passar por momentos difíceis. O alívio veio
com a aprovação da Lei 11.437, criando o fundo setorial do audiovisual público
para investimento do Estado brasileiro, em outras palavras, capacita o governo
a investir no setor.
Antes, os investimentos se restringiam às
operações das leis de incentivos fiscais com valores reduzidos. Em setembro de
2011, a Lei 12.485, surge como uma redenção para o audiovisual brasileiro,
aumentando a produção e a circulação das obras. É conhecida também como a
"Lei da TV paga", que pensada para "aquecer" o mercado.
Com recursos do FSA, o programa investe,
ainda, em parcerias público-privadas e sugere novos modelos de negócios.
Consciente das disparidades regionais, o programa apresenta diferentes eixos de
atuação, um deles, em parceria com o Ministério da Educação (Mec), o Programa
Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec Audiovisual).
Fortaleza está entre as cidades que serão
beneficiadas por essa vertente do programa, que falta ainda ser concluído, diz
a assessora, justificando não depender somente da Ancine.
O Brasil assiste o crescimento de salas de
cinema, devendo atingir em 2016, o número de 3,5 mil, além de aumentar os
assinantes de TV em canais fechados. Os bons ventos parecem ser o resultado de
políticas continuadas para o setor, desde a retomada. Em 2012, o Conselho
Superior de Cinema aprovou o plano de diretrizes e metas para audiovisual
brasileiro.
Iracema
Sales
Repórter
Fonte: Caderno 3 – Diário do Nordeste (15/ 02/ 15)
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