Entre 2006 e 2013, o crescimento de pessoas
acima do peso foi de 20,7% em Fortaleza, diz Ministério da Saúde
Como está a alimentação do fortalezense? Com
a desculpa de que falta tempo para ter uma alimentação saudável, muitos adultos
acabam comendo na rua, de qualquer jeito. Prova disso são os dados da Pesquisa
Vigitel 2013 - Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas
por Inquérito Telefônico -, realizada pelo Ministério da Saúde, que apontam que
mais da metade da população (51,3%) está acima do peso e 18,1% é obesa. Média
acima da nacional, que registrou 50,8% e 17,5%, respectivamente.
Em sete anos, o crescimento de pessoas acima
do peso em Fortaleza foi de 20,7%. Eram 42,5% em 2006, saltando para 51,3% no
ano passado. Entre os que estão com excesso de peso, os homens predominam, com
54,2%. Já as mulheres representam 48,8%. Considerando as capitais nordestinas,
Fortaleza aparece em terceiro lugar. Liderando o ranking está Natal, com 52,6%
da população com excesso de peso. Seguida de Maceió (52,5%), Fortaleza (51,3%),
João Pessoa (51,3%), Recife (50,7%), Teresina (49,1%), Aracaju (49,1%), Salvador
(47,1%) e São Luis (41,7%). A pesquisa ouviu em todo o País 53 mil adultos,
sendo 1.977 em Fortaleza.
Depois que saiu da faculdade, a psicóloga
Leila Sá, 33, começou a ganhar peso. Mas foi quando entrou no mestrado e passou
a ser bolsista que se tornou obesa. Ela conta que em seis anos, passou de 70 kg
para 120 kg. O auge foi aos 31 anos, quando resolveu fazer a cirurgia
bariátrica. "Eu era cheinha, não obesa, mas comecei a comer demais, fazer
pouca atividade física. Não me dei conta. Era estudando e comendo, estudando e
comendo. Fui deixando para lá até que o peso começou a influenciar na minha
saúde", relata.
Em decorrência do peso, tinha problemas de
mobilidade, pouca resistência física, se sentia cansada, adoecia facilmente e
passou a sentir fortes dores na coluna. "Eu mal conseguia andar, se
subisse uma escada ficada cansada. Quando chegava em casa tinha dores nas
costas", recorda. Há dois anos, fez a cirurgia bariátrica e passou por uma
reeducação alimentar. Hoje, diz que tem outra perspectiva de vida, procura se
alimentar melhor, fazer caminhadas e não come mais por gula. A sua autoestima
melhorou, mas o fato de ter mais agilidade nos movimentos é o que considera
mais positivo.
Diagnóstico
Apesar do grande número de doenças que estão
diretamente relacionadas com a obesidade, é difícil diagnosticar as mortes em
decorrência da doença. Rubem Costa, presidente da Associação dos Obesos e
Ex-Obesos do Ceará, explica que a pessoa obesa tem problemas de taquicardia,
mas geralmente o médico não coloca dessa maneira. Entre as patologias
relacionadas com a obesidade cita a diabetes, a pressão alta e problemas
cardíacos. Contudo, diz que um dos maiores males é a depressão. O fato da
pessoa não se aceitar e não ser aceita pela sociedade. "Ela é
desestimulada, então a depressão vem para derrubar", afirma.
Cita, ainda, dores nos ossos, na coluna, nas
articulações e de circulação nas pernas. Outro problema perigoso é a apneia do
sono. "Como a pessoa está gorda, as traqueias fecham e ela fica sufocada,
com falta de ar por causa da gordura". Porém, o especialista alerta que a
cirurgia é um meio, mas não faz milagre. Para que o resultado seja positivo, a
pessoa terá que passar por uma reeducação alimentar, caso contrário voltará a
ganhar peso.
Vilões
Açúcar, massa e cerveja são alguns ítens que
fazem parte da má-educação alimentar de grande parte da população. No entanto,
Costa destaca que o refrigerante é o grande vilão da situação. O médico
recomenda que as pessoas procurem um nutricionista para serem acompanhadas. "Não
precisa passar fome. O ideal é fazer seis alimentações durante o dia, mas
alimentações controladas", observa.
O presidente da Associação informa que obesos
mórbidos vivem, em média, dez anos a menos que pessoas que estão no peso
normal, por causa das complicações relacionadas à doença. Por isso, reforça a
importância de ser feita uma reeducação alimentar para evitar chegar na
situação de obesidade mórbida.
Hoje, desde cedo, as crianças começam a ter
uma alimentação errada. "Diferente de antigamente, quando as mães
controlavam o que as crianças comiam na escola, hoje, elas lancham na cantina
quase sempre refrigerante, salgado, bolo. Ela já se acostuma desde pequena com
uma alimentação que não é saudável", diz.
Hipertensão
arterial atinge 21,3% dos fortalezenses
A hipertensão arterial é outro fator que
preocupa os órgãos de saúde. Em Fortaleza, ela atinge 21,3% da população,
índice superior à 2006, quando alcançava 19,3% dos fortalezenses - aumento de
10,3%. Chama atenção ainda o representativo aumento de diagnósticos de diabetes
na Capital. Em sete anos, foi registrado aumento de 53%. De acordo com a
Pesquisa Vigitel, realizada pelo Ministério da Saúde, eles representavam 19,3%
da população em 2006, passando para 21,3% no ano passado.
Já o número de fumantes diminuiu. Conforme a
pesquisa, de 2006 para 2013, houve redução de 54% do número de fumantes em
Fortaleza. Caiu de 15,7% em 2006, para 7,2% no ano passado. Os homens continuam
sendo os que mais fumam. Em 2013, eles representavam 10% da população
fortalezense, enquanto as mulheres 4,8%.
Prevenção
Forte aliado na prevenção de doenças, o
consumo recomendado de frutas e hortaliças é de 32% na Capital. Atualmente,
36,8% das mulheres comem cinco porções por dia de frutas e hortaliças -
quantidade indicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) -, enquanto o
consumo entre os homens é de 26,3%. Apesar dos avanços, o estudo também mostra
a existência de diversos hábitos alimentares inapropriados da população.
Um deles é o índice que mostra quantos
brasileiros têm o hábito de substituir o almoço ou o jantar por um lanche de
baixo valor nutritivo. Consultado pela primeira vez no Vigitel, o indicador
mostrou que 16,5% dos brasileiros - 12,6% dos homens e 19,7% das mulheres -
costumam trocar o almoço ou jantar por lanches como pizzas, sanduíches ou
salgados diariamente. Outro indicador que preocupa é o consumo excessivo de
gordura saturada: 31% da população não dispensa a carne gordurosa e mais da
metade (53,5%) consome leite integral regularmente. O refrigerante também têm consumidores
fieis: 23,3% ingerem esta bebida, no mínimo, cinco dias por semana.
"O aumento do consumo de frutas e
hortaliças é fator determinante para uma sociedade mais saudável. Porém, ainda
é preciso observar a sequência nos próximos anos para podermos afirmar com
consistência se há uma estabilização do crescimento da obesidade e do
sobrepeso", salienta o ministro da Saúde, Arthur Chioro.
Luana
Lima
Repórter
Repórter
Fonte: Jornal Diário do Nordeste
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