A determinação da 6ª Câmara Cível do Tribunal
de Justiça do Ceará (TJCE) para que as barracas da praia de Canoa Quebrada
sejam realocadas para outro local, tem sido motivo de preocupação não somente
dos proprietários de barracas, como também dos vendedores ambulantes e
autônomos, que dependem do movimento das barracas para alimentar suas famílias.
Os ambulantes não sabem ao certo como o poder
público pretende resolver a questão e cobram do prefeito Ivan Silvério uma
imediata solução para o caso. “Há muita informação desencontrada. Uns dizem que
não vamos poder vender no novo local”, diz Josilene Costa Barbosa, vendedora de
artesanato de palha.
Para muitos ambulantes a transferência de
local irá prejudicar suas vendas.
Casado e pai de um filho, Evaldo Costa da
Silva trabalha há 15 anos na praia de Canoa Quebrada vendendo telas. Para ele,
muitos vendedores serão prejudicados por causa da falta de acesso aos turistas.
“Todo mundo que trabalha e depende do movimento das barracas será prejudicado”,
diz. Dizendo-se não compreender o entendimento da justiça, Evaldo se diz
preocupado com a transferência. “Acho que não deveria sair daqui, uma vez que
os turistas já estão acostumados”, lembra. Para o vendedor, além da saída das
barracas, outro motivo de preocupação é a quantidade de vendedores ambulantes
não cadastrados pela prefeitura. De acordo com o vendedor, como não há mais um
cadastro por parte da prefeitura, muitas pessoas vem de fora vender seus
produtos em Canoa.
Para o suíço Jerônimo Saunier, que mora e
trabalha em Canoa há mais de 30 anos, as barracas não deveriam ser retiradas.
Para ele, foi um erro se permitir o problema
por tantos anos. “Já que era proibido explorar, fazer barraca de praia nesse
ponto, porque deixaram rolar 40 anos e agora, de repente, querem retirar. Isso
também é uma falta de bom senso. Se era para retirar que fizesse muito antes”,
analisa.
Jerônimo acredita que outras medidas mais
importantes deveriam ser feitas pelos órgãos competentes há muito tempo, como
saneamento básico, drenagem, pontos de recolhimento de lixo. “Retirar as
barracas é retirar também um pouco da alma de Canoa Quebrada. Aqui há quem
trabalha há mais de 40 anos e que dedicaram a vida aqui”.
De acordo com ele, o que diferencia o trecho
na praia de Canoa Quebrada e a torna mais atraente ao turista, são justamente
as falésias. “Essa retirada é inadequada porque vai descentralizar também o
turismo, que vai ser mais monopolizado, menos dividido e toda a comunidade vai
sofrer muito com isso”, diz.
Fonte: Folha de Aracati
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