Iniciativa
da indústria cearense ganha o Prêmio de Gestão Socioambiental do Instituto
Chico Mendes
Vilã e predadora do bioma caatinga. Essa má
reputação das olarias nordestinas e, especialmente cearenses, tem, agora, uma
contrapartida que não apenas põe um fim à degradação da mata nativa, para fins
de energia, assim como favorece um destino mais adequado para lixo orgânico que
antes poluía o meio ambiente.
Por substituir a lenha pela biomassa para
alimentar os fornos que transformam o barro retirado do aluvião em tijolos e
blocos, a indústria cearense Cerâmica Assunção, instalada em Aquiraz, do Grupo
Tavares, recebeu o Prêmio de Gestão Socioambiental do Instituto Chico Mendes.
O prêmio foi recebido pelo sócio-presidente
da Cerâmica Assunção e Grupo Tavares, Lourival Assunção Tavares e sua filha
Aline, em solenidade que aconteceu em São Paulo, no início deste mês, no Clube
Sírio, durante o 1º Fórum Empresarial Chico Mendes de Sustentabilidade. A
iniciativa também já teve o reconhecimento do Programa Setorial de Qualidade
(PSQ), oferecido pela Associação Nacional de Cerâmicas (Anicer) e é ainda
detentor do Selo Verde.
O prêmio foi o primeiro concedido pelo
Instituto Chico Mendes para uma indústria de cerâmica vermelha no Brasil. O
presidente da empresa, Lourival Tavares, disse que o mérito maior foi conceber
uma unidade de olaria que utiliza 100% da capacidade energética de materiais
orgânicos, que antes não apenas se destinavam a lixões, como se tornavam um
problema ambiental sério para outros segmentos industriais, como a casca da
castanha de caju, o pó retirado de madeireiras e resíduos de coco, dentre
outros.
Atualmente, a Cerâmica Cearense produz um
milhão de peças por mês. De acordo com Lourival, não há como comprometer a
produtividade com o produto que será utilizado nos potentes fornos, onde a
temperatura pode chegar até 935º C. Ele lembra que esses resíduos são
exatamente aqueles que são rejeitos de outros segmentos industriais e com um
descarte que sempre trazia um dano ambiental, especialmente pela emissão de
gases.
Com o sistema criado pelas indústria Tavares,
a produtividade é mantida e há também uma boa rentabilidade, uma vez que o
sistema de automação é mais econômico do que as práticas convencionais.
Estiagem
Além do compromisso com o meio ambiente,
Lourival lembra que a unidade é também uma forma de manter a oferta dos
produtos, enquanto que outras unidades do Grupo Tavares podem se ressentir do
prolongamento da estiagem. É que nas outras indústrias de cerâmicas, há o uso
da lenha, mas dentro de um plano de manejo, onde não há agressão às espécies da
Caatinga, como o marmeleiro, sabiá, mororó, catingueira, catuaba e jurema. O
plano de poda de árvores e arbustos permite não apenas que os vegetais tornem a
brotar, como mantém a fauna.
O diretor Marcos Tavares lembra que a
iniciativa também ocorre quando há um leque de opções de materiais de
construção que reduz o consumo da olaria. Ele lembrou do gesso e do isopor, que
vêm sendo bastante utilizados em forros de casas e apartamentos, divisórias e
outros usos.
"São materiais que acabam sendo mais
econômicos para o construtor, apesar de superior em resistência ao gesso,
principalmente, e mais resistente a incêndios do que o isopor",
exemplifica Marcos.
Com a estiagem e um mercado muito mais
competitivo do que no passado, é que a olaria, conforme observa Marcos, vem-se
firmando no mercado por meio da automação e do compromisso com o meio ambiente.
Para Lourival, a alternativa encontrada pelo
grupo foi uma forma de se adequar aos novos desafios, ao mesmo tempo em que
houve uma percepção de que o respeito ao meio ambiente não somente era
possível, como uma necessidade de sobrevivência para toda a sociedade.
O investimento nos equipamentos contou, em
parte, com aqueles já existentes e fabricados no mercado nacional e outros que
foram resultado da criatividade e de se aprender com os erros e acertos. Assim,
foi adquirido um forno que funciona automatizado, e já existente em outras
modernas olarias brasileiras, assim como foram criados trituradores, moinhos e
secadores, utilizando a metalurgia e planejamentos dos empreendedores do Grupo
Tavares.
Energia
Pode ser considerado biomassa todo recurso
renovável que provêm de matéria orgânica tendo por objetivo principal a
produção de energia. Uma das principais vantagens é que seu aproveitamento pode
ser feito diretamente, por meio da combustão em fornos e caldeiras. Para que
seja aumentada a eficiência e sejam reduzidos os impactos socioambientais no
processo de sua produção.
A história do Grupo Tavares se inicia na
década de 1950 às margens do Rio Pacoti, onde diversas famílias amassavam o
barro e produziam cerâmica, principalmente telhas, utilizando pequenos fornos
existentes. Entre estes produtores estava Raimundo Nonato Tavares, que na época
produzia telhas do tipo macho - fêmea e manilhas. Com o aumento da demanda, foi
necessária a construção de fornos maiores para a fabricação de mais produtos
(além de telhas, manilhas e tijolos comuns). Durante vários anos, a família
Tavares produziu e comercializou produtos cerâmicos para Fortaleza e diversas
regiões do Ceará, adquirindo a experiência e o conhecimento necessários para o
futuro.
No início da década de 1970, o mercado já
apresentava sinais de modernização, quando surgiu a oportunidade de montar uma
cerâmica com equipamentos e forno contínuo (Hoffman), por meio de
financiamento. Assim foi erguida a primeira cerâmica e o nome não poderia ser
outro: Cerâmica Tavares, hoje Cerâmica Assunção. Já em 1974, saiu a primeira
carrada de tijolos furados do Grupo Tavares. Contando hoje com 21 unidades
produtivas distribuídas nas cidades de Aquiraz (12), São Gonçalo do Amarante
(três), Itaitinga (três), Caucaia (duas) e Horizonte (uma), gerando mais de mil
e duzentos empregos diretos e quase mil indiretos.
O Grupo Tavares conta com um portfólio ativo
de mais de sessenta produtos entre blocos de vedação (tijolos furados), blocos
estruturais, lajes, cobogós, PMs, tijolos refratários e laminados. Tem uma
capacidade produtiva mensal de mais de vinte e dois milhões de peças (22.000
milheiros).
Mais
informações:
Cerâmica Assunção
Empresa do Grupo Tavares
Localizada a 18 Km da sede de Aquiraz
Telefone: (85) 3377-1262
Empresa do Grupo Tavares
Localizada a 18 Km da sede de Aquiraz
Telefone: (85) 3377-1262
Marcus Peixoto
Repórter
Repórter
Fonte: Caderno Negócios – Diário do Nordeste (24/
12/ 14)
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