São com esses versos que Maria de Lourdes da
Conceição Alves, mais conhecida como Cacique Pequena, prende a atenção de quem
passa para conhecer a aldeia da tribo Jenipapo-Kanindé, nos arredores da Lagoa
da Encantada. “Nós somos filhos nativos da terra. A sétima geração! E tenho
muito orgulho de ter essa herança dos meus pais”.
Pequena é a primeira cacique mulher do Ceará.
Virou cacique porque, desde muito cedo, começou a lutar pela causa indígena.
“Antigamente, a gente não era reconhecido como índio, mas como ‘os cabeludim da
Encantada’. Comecei essa luta, na década de 1980, para que os índios
defendessem eles mesmos. Porque eles dormiam no tempo. Foi aí que levantei a
bandeira e disse que ia trabalhar por esse povo”.
Onze anos depois vieram os pedidos para que
ela assumisse o cacicado que, à priori, foi recusado. “Não sabia o que era ser
cacique. Eu era uma simples mãe. Eles insistiram muito e aceitei. E hoje, com a
força do pai Tupã e da mãe Tamaí, cheguei onde cheguei”.
A mais de duas décadas à frente da tribo,
Pequena fala com segurança o papel de uma cacique: “é ser como um prefeito, um
governante da tribo. É juntar de fora para dentro da aldeia, pra ajudar o povo.
Foi o que fiz”.
Não é à toa que hoje tem Escola Indígena,
Museu Indígena, Pousada Indígena, Cras Indígena (Centro de Referência da
Assistência Social) e Posto de Saúde Indígena. “Energia e água nas casas, casa
de farinha, galpão e cantina. Tudo isso através dessa mulher que tá aqui na sua
frente e na desse povo todo. Eu era uma simples cacique e agora sou Guardiã da
Memória, Mestre da Cultura e vou receber o meu certificado de Doutora da Mata”.
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