Falou em Aquiraz, lembrou de Beach Park. Mas a
primeira capital do Siará Grande guarda muito mais histórias do que um parque
aquático consegue abarcar. Ali, bem do lado do Porto das Dunas, estão a Praia
do Japão e a Prainha. E, bem no meio, a Barraca Cozinha da Danny, canto bom pra
dar uma parada, comer algum fruto do mar e se preparar para um dos tradicionais
passeios de buggy.
Quem atende os aventureiros de areia é a
Alba, do Alba Turismo Buggy Tur, mas quem leva pra
passear são os bugueiros, como Regivaldo Sousa. “Sempre trabalhei aqui na
praia. Primeiro de garçom, vigia, guia e, agora, depois da regulamentação da
prefeitura, como bugueiro”.
A profissão é a considerada de melhor renda
da localidade. “Sem contar que é um trabalho bonito, porque a gente trabalha e
se diverte ao mesmo tempo, pelo contato com as pessoas e com a natureza. E
divulga a Prainha! Trazemos o pessoal pro passeio de buggy e eles consomem em
praticamente todas as áreas: com as rendeiras, restaurantes, jangada. Então,
nós ajudamos todas as classes”.
E do que o Regivaldo mais gosta na profissão?
“Contar a história daqui e fazer o passeio. Ah! E bater foto! A gente faz um
monte de montagem bacana”. Todos os bugueiros brincam de composição
fotográfica. Assim surgem cocos e caranguejos gigantes e pessoas em miniaturas.
É o “photoshop natural”, como eles dizem. “É legal também quando vem o turista
e ensina novos tipos de fotos pra gente”.
No
tec-tec do bilro
É também em Aquiraz onde se encontra o Centro
das Rendeiras. Por enquanto, o local está em manutenção, mas como brasileiro
pra tudo dá um jeitinho, foi improvisado um lugar para a abrigar as artesãs da renda de bilro e labirinto.
Junto do vaqueiro e do jangadeiro, a rendeira
é uma das figuras mais tradicionais da cultura cearense. Munidos de sua
almofada, linhas e espinhos de mandacaru, os bilros vão dançando de mão em mão,
ao som do tec-tec, enquanto formam os mais incríveis desenhos em roupas, bolsas
e toalhas.
Dona Maria Caetana da Cunha é uma delas. Com
66 anos, faz renda desde os 10, idade em que aprendeu o ofício com a mãe. De
todos os trabalhos, prefere fazer as toalhinhas de mesa, seja ela branca ou
colorida. “Gosto muito de cor. Agora tô fazendo uma linda, azul”.
O trabalho é demorado, mas é o que ela gosta
de fazer. “Pena é que as meninas não querem mais aprender”. Mas dona Maria não
se abate e diz que, enquanto der, e a “vista aguentar” vai continuar fazendo
renda. E reproduzir o tec-tec da música artesanal.
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