O ator
estreia, este ano, quatro filmes e fala sobre projetos, como o longa gravado no
Ceará e de desafios da TV
Chico Diaz, em dois
momentos: no longa-metragem "Os Pobres Diabos",(acima), de Rosemberg
Cariry; e a produção internacional "El Ardor",(abaixo) que conta com
o ator mexicano Gael García Bernal
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Fazer cinema no Brasil não é fácil. Em
produções que fogem à curva do apelo popular, as barreiras são ainda mais
difíceis de transpor. Para o ator Chico Diaz, mais conhecido do grande público
por suas atuações em telenovelas da Rede Globo, é justamente o cinema que vem
consumindo seu tempo e paixão. Está menos assíduo na TV, onde gravou sua última
participação em 2012. Em compensação, somente este ano, estreia quatro
longas-metragens, dois deles como protagonista; participa de gravações de
outros três; e trabalhar em seus próprios projetos.
Em entrevista ao Caderno 3, Chico Diaz fala
dos desafios de se fazer cinema - também de experiências em produções recentes,
como o longa-metragem "Os Pobres Diabos", obra ainda inédita, rodada
em Aracati, pelo cineasta cearense Rosemberg Cariry.
"Existe, hoje, no Brasil uma variedade
enorme de formas de apresentação dos temas, seja pelas diferentes gerações de
diretores, de diferentes regiões, como diferentes propostas de linguagem. Isso
é muito bom", avalia, falando do atual momento cinematográfico do País.
A decisão de privilegiar o cinema, reforça,
vem parte de uma predileção pessoal, mas também de sua própria formação como
ator. Chico estreou no cinema em 1982 e acumula, desde então, uma lista extensa
de atuações. Aos 56 anos, o brasileiro nascido na Cidade do México - Chico mora
no Brasil desde os 10 anos de idade - já atuou em cerca de 50 filmes, além de
30 séries e telenovelas.
Em 2015, o ator está comprometido com as
gravações de três longas-metragens: "Fronteras, em nome da lei", de
Sergio Rezende, que começou a ser gravado no fim do mês passado; "O Último
Animal", de Leonel Vieira, que será rodado no Rio de Janeiro; e
"Montanha Russa", filme de Vinicius Reis.
Chico Diaz se prepara ainda para gravar
"Hector, Muitas Vidas de um Ator", produção sua, em que assina
roteiro e a codireção; e a versão cinematográfica do espetáculo teatral "A
Lua vem da Ásia", um sucesso dos palcos, estrelado por ele, do qual vai
assinar a adaptação para o cinema e, mais uma vez, a codireção. "Também
conto com uma boa dose de sorte, pois tenho encontrado fortes argumentos e
roteiros, onde posso apresentar diferentes e instigantes geografias do homem
brasileiro", justifica.
O ator colhe ainda os frutos dos sucessos de
duas produções internacionais: "El ardor", filme de Pablo Fendrick,
em que contracenou com o mexicano Gael García, e que foi selecionado para o
Festival de Cannes de 2014; e de "Words with God", de Hector Babenco,
que participou do Festival de Veneza.
Ainda que distante, momentaneamente, das
telenovelas, Chico se diz otimista também com o atual momento da
teledramaturgia brasileira. O ator é crítico à produção recente, "que
parece que é o da publicidade e não o da dramaturgia", mas se diz otimista
com o momento de transformação geral pela qual ela passa.
"A meu ver estamos em um momento fértil
pois é um momento de crise. Existe a busca desesperada por essa linguagem das
séries, de menor duração, com universos e personagens mais nítidos e estórias
mais ousadas, mas que exige a escrita apropriada para elas. Acho que nunca vi
tanta discussão sobre escrita dramática como agora", pontua.
Ceará
De sua recente passagem pelo Ceará, para a
gravação de "Os Pobres Diabos", comandada por Rosemberg Cariry, Chico
Diaz destaca o "instigante processo" de se fazer cinema do diretor
cearense. O ator já havia protagonizado dois outros filmes de Rosemberg,
"Corisco & Dadá" (1996) e "Lua Cambará - Nas escadarias do
palácio" (2002). No novo filme, ele atuou ao lado de profissionais reais
do circo - que dá o mote da história - e de figuras como Gero Camilo, Everaldo
Pontes, da atriz Sílvia Buarque, sua esposa, e de sua própria filha, Irene
Diaz. "Apesar de haver um roteiro guia, íamos construindo a relação dia a
dia, nas improvisações e na interação entre os distintos artistas, assim como a
interação do grupo com as possibilidades cinematográficas", conta.
A criação da cena, lembra, acontecia no dia a
dia, no convívio com a equipe e com o lugar. "Havia também, para o ator,
um espectro amplo, pois cada um tinha seu personagem, que vivia diferentes
personagens dentro da trama do circo, entre os números apresentados",
argumenta.
Sobre Rosemberg, Chico diz admirar sua paixão
"pelo povo das artes, pelas famílias possíveis que se formam pela e para a
arte".
"Poder trabalhar com genuínos artistas
circenses e aprender com eles foi uma experiência única e o filme mesmo falava
sobre isso. Diante de um mundo de mercado voraz, como, a beira dele, apresentar
a beleza de um salto mortal do trapézio ou da cambalhota do palhaço ou da
efêmera risada da plateia", registra.
Fábio
Marques
Repórter
Repórter
Fonte: Caderno 3 – Diário do Nordeste (16/ 04/ 15)
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