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O Marco Vivo reúne os povos indígenas em
orações, danças, além de promover o encontro com seus ancestrais. Em
revezamento com outros índios, o grupo fez caminhada à margem da Lagoa
Encantada. Ao fim da tarde, plantou no chão o tronco da imburana, para dali
nascer uma nova árvore, mais uma para contar a história desse povo. Em cantos e
rezas, os índios dançam o toré ao redor da imburana para celebrar a vida.
Uma celebração da vida, das conquistas e da
luta: assim, os índios do povo Jenipapo-Kanindé, no município de Aquiraz,
comemoraram nos dias 8 e 9 de abril, a 15ª edição da Festa do Marco Vivo. O
encontro acontece todos os anos e visa reafirmar as identidades culturais, um
ritual ecológico e sustentável em agradecimento ao pão de cada dia.
Para o representante da comunidade e
organizador da festa, Fábio Alves, quando a terra passou a ser limitada pela
Fundação Nacional do Índio (Funai), numa área de 1.731ha, a cacique Pequena –
liderança indígena – sugeriu o uso da imburana como o marco vivo da
limitação das terras.
Fábio explica que, ao longo dos anos, a
comunidade obteve conquistas, por exemplo, as escolas com professores indígenas
qualificados. Segundo ele, o grupo já caminha para uma graduação em
licenciatura intercultural indígena, pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
“Outra conquista foi na área da saúde. Há dez anos, a comunidade conta com
posto de saúde e equipe multidisciplinar para atender toda a comunidade”,
declara.
Mais que uma festa, o Marco Vivo é também uma
celebração à natureza. O senso de preservação dos índios Jenipapo-Kanindé é
perceptível, já que um tronco de árvore arrancado para o ritual, é replantado
em outro lugar, a fim de multiplicar a vida. Além de viverem da pesca, da
agricultura e da pecuária, os índios desenvolvem o turismo comunitário
sustentável na Lagoa Encantada.
O refrescante banho de lagoa, no Morro do
Urubu, assim como as áreas propícias para trilhas e acampamentos, são
atrativos. No meio do caminho, lindas paisagens naturais tentam permanecerem
incólumes à ação invasiva do homem em um convite ao turismo ecológico.
Apoio
A Associação para o Desenvolvimento Local
Co-Produzido (Adelco), desde o ano passado, desenvolve projetos com indígenas
no Ceará: Sistemas Agroflorestais, apoiado pelo ISPN (Instituto, Sociedade,
População e Natureza), na comunidade Jenipapo-Kanindé; e dois com o apoio da
Petrobras: “Etnodesenvolvimento de comunidades Indígenas no Ceará”,
implementando ações de agroecologia e turismo comunitário visando à geração de
renda e segurança alimentar de seis povos: Jenipapo-Kanindé, Kanindé de
Aratuba, Tapeba, Tremembé, Anacé e Pitaguary; e “Águas e Matas da Encantada”,
com os Jenipapo-Kanindé, promovendo práticas para recuperação e proteção da
vegetação e ecossistemas aquáticos.
Fonte: O Estado Verde – Jornal O Estado CE (14/ 04/
15)
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