terça-feira, 14 de abril de 2015

Aquiraz: Povo Jenipapo- Kanindé realiza mais uma edição da Festa Marco Vivo

Imagem Facebook
O Marco Vivo reúne os povos indígenas em orações, danças, além de promover o encontro com seus ancestrais. Em revezamento com outros índios, o grupo fez caminhada à margem da Lagoa Encantada. Ao fim da tarde, plantou no chão o tronco da imburana, para dali nascer uma nova árvore, mais uma para contar a história desse povo. Em cantos e rezas, os índios dançam o toré ao redor da imburana para celebrar a vida.


Uma celebração da vida, das conquistas e da luta: assim, os índios do povo Jenipapo-Kanindé, no município de Aquiraz, comemoraram nos dias 8 e 9 de abril, a 15ª edição da Festa do Marco Vivo. O encontro acontece todos os anos e visa reafirmar as identidades culturais, um ritual ecológico e sustentável em agradecimento ao pão de cada dia.


Para o representante da comunidade e organizador da festa, Fábio Alves, quando a terra passou a ser limitada pela Fundação Nacional do Índio (Funai), numa área de 1.731ha, a cacique Pequena – liderança indígena – sugeriu  o uso da imburana como o marco vivo da limitação das terras.


Fábio explica que, ao longo dos anos, a comunidade obteve conquistas, por exemplo, as escolas com professores indígenas qualificados. Segundo ele, o grupo já caminha para uma graduação em licenciatura intercultural indígena, pela Universidade Federal do Ceará (UFC). “Outra conquista foi na área da saúde. Há dez anos, a comunidade conta com posto de saúde e equipe multidisciplinar para atender toda a comunidade”, declara.


Mais que uma festa, o Marco Vivo é também uma celebração à natureza. O senso de preservação dos índios Jenipapo-Kanindé é perceptível, já que um tronco de árvore arrancado para o ritual, é replantado em outro lugar, a fim de multiplicar a vida. Além de viverem da pesca, da agricultura e da pecuária, os índios desenvolvem o turismo comunitário sustentável na Lagoa Encantada.


O refrescante banho de lagoa, no Morro do Urubu, assim como as áreas propícias para trilhas e acampamentos, são atrativos. No meio do caminho, lindas paisagens naturais tentam permanecerem incólumes à ação invasiva do homem em um convite ao turismo ecológico.


Apoio


A Associação para o Desenvolvimento Local Co-Produzido (Adelco), desde o ano passado, desenvolve projetos com indígenas no Ceará: Sistemas Agroflorestais, apoiado pelo ISPN (Instituto, Sociedade, População e Natureza), na comunidade Jenipapo-Kanindé; e dois com o apoio da Petrobras: “Etnodesenvolvimento de comunidades Indígenas no Ceará”, implementando ações de agroecologia e turismo comunitário visando à geração de renda e segurança alimentar de seis povos: Jenipapo-Kanindé, Kanindé de Aratuba, Tapeba, Tremembé, Anacé e Pitaguary; e “Águas e Matas da Encantada”, com os Jenipapo-Kanindé, promovendo práticas para recuperação e proteção da vegetação e ecossistemas aquáticos.
 



Fonte: O Estado Verde – Jornal O Estado CE (14/ 04/ 15)

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