segunda-feira, 20 de abril de 2015

Beberibe: Queda de partes de torre afeta aulas

A creche Stela Mares foi interditada, e crianças estão sem aulas devido à queda de estilhaços de uma antena de telefonia
Pedaços de aço caem sobre a área de lazer do único Centro de Educação Infantil de Parajuru e ameaçam as 147 crianças que estudam na unidade FOTO: JL ROSA
As constantes quedas de estilhaços de uma torre de telefonia localizada ao lado da unidade Stela Mares, único Centro de Educação Infantil (CEI) em Parajuru, distrito de Beberibe, situado a 120 km de Fortaleza, têm posto em risco a vida das 147 crianças que estudam e funcionários que trabalham na unidade. Diante da ameaça iminente da ocorrência de ferimentos graves, devido à intensificação da queda do material de aço durante as chuvas, as aulas foram suspensas na semana passada.


Os desabamentos de pedaços da torre, conforme os pais das crianças da creche, ocorrem desde 2014. Mas, neste ano, tornaram-se mais frequentes, e os estilhaços estão maiores. Para reivindicar que providências sejam tomadas, pais decidiram não levar mais as crianças ao CEI, que recebe alunos que têm entre três e cinco anos. A diretoria da instituição suspendeu, então, as aulas.


"A torre fica bem ao lado do parque e, por pouco, as crianças não foram atingidas na última semana. Ninguém tem segurança de deixar o filho aqui e ir trabalhar com tranquilidade", garante a dona de casa, Claudenia Rodrigues de Oliveira, uma das mães que, no último sábado (18), protagonizou uma manifestação que reuniu centenas de pais nas dependências da escola, situada na Rua José Sabino.


Além do problema da torre, que afeta diretamente a pequena área de lazer no CEI, pais também reclamam da estrutura inadequada da unidade. "A creche é muito pequena e quente, mas, ainda assim, é a única opção daqui. Nem creches particulares temos. O jeito é deixar o filho aqui e lutar para que algo melhore", defende a professora e mãe de aluna, Angelice Elen.


Solicitações


A professora integra o grupo de pais que reunidos, no dia 9 desde mês, optaram pela interrupção das aulas. De acordo com ela, "foi a única forma encontrada para pressionar o poder público e as empresas responsáveis pela torre, já que as outras solicitações não surtiram efeito". No local, moradores informaram que a torre não passa por uma manutenção completa há pelo menos três anos.


A diretora do CEI, Denízia Félix, garante que no início de 2014 começou a mandar ofícios para a Secretaria Municipal de Educação de Beberibe comunicando o problema, bem como para as operadoras de telefonia Tim e Oi que, segundo a gestão municipal, são as responsáveis pela torre. "Vemos os funcionários que vêm, medem, dizem que o problema vai ser resolvido, mas nada acontece" ressalta.


Diante do problema acentuado na quadra chuvosa e após a decisão dos pais, a gestão municipal resolveu transferir as crianças para um polo do ABC que é um prédio utilizado pela Assistência Social do distrito. Conforme a diretora, todos os equipamentos do CEI foram transferidos para o ABC, e as aulas serão retomadas quarta-feira (22).


"O espaço não é totalmente adequado, mas foi o que encontramos para suprir essa necessidade imediata". Questionada sobre a reivindicação da comunidade escolar de construção de um novo CEI, a diretora garante que a atual gestão está "tomando as providências", mas tem dúvidas se "haverá primeiro a construção da nova creche ou a manutenção da torre".


Ela reconhece que o atual espaço, além da ameaça da torre, sofre também com problemas estruturais. Além de ser a única unidade do tipo em um distrito que tem 7.000 habitantes. "Só queremos voltar para os nossos postos de trabalho e termos aulas de forma tranquila", reforça.


Nova creche


A secretária municipal de Educação, Berenice Amorim, explicou que a gestão está ciente do problema e já contactou as operadoras Tim e Oi, que seriam as responsáveis pela manutenção da torre. Ela disse ainda que a gestão municipal comunicou ao Ministério Público e à Procuradoria Geral do Município entrou em contato com as empresas, mas, até agora, nada foi feito. "Sabemos que pode acontecer o pior, mas não tivemos nenhuma resposta", reconhece.


De acordo com Berenice, ao assumir em 2013, a gestão realizou uma reforma no CEI, que ainda é pequena para a demanda. A secretária informou que foi solicitada a construção de um novo CEI para o distrito e que o Governo do Estado já se predispôs a realizar a obra. "Já entramos com a contrapartida de R$ 200 mil, e a licitação já foi concluída", garantiu.


A estimativa é que o novo CEI receba cerca de 300 crianças. Porém, questionada se há previsão de entrega do novo equipamento, a secretária não soube precisar a data. Ela informou apenas que já há o terreno e disse que a nova unidade "será providenciada o mais rápido possível".


A reportagem contactou a operadora Oi, que informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que irá enviar uma equipe técnica, nesta segunda-feira (20), a Parajuru a fim de verificar a situação. De acordo com informações d a assessoria, caso a torre seja da empresa, a operadora "fará as adequações necessárias". Já a operadora Tim, através da assessoria de comunicação, assegurou que a torre não pertence a empresa.


Enquete
Que dificuldades enfrentam com essa situação?


"Faz muito tempo que pedimos para essa situação ser resolvida, pois essa ameaça da queda da antena não é recente. Mas até agora nada foi feito. Chegamos ao limite. A decisão de impedir nossos filhos de irem à escola é para evitar que o pior aconteça"


Claudenia Rodrigues
Dona de Casa


"A torre é o problema imediato, mas sabemos que o espaço da creche é totalmente inadequado. É muito pequeno e quente. Minha filha adoece com facilidade. Queremos logo a entrega da nova creche, mas pelo que sabemos, não há nem previsão"


Angelice Elen
Professora





Fonte: Cidade – Diário do Nordeste (20/ 04/ 15)

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