No Dia da Consciência
Negra, o Vida & Arte visita a comunidade quilombola de Alto Alegre, em
Horizonte, a 40 km de Fortaleza
Em Horizonte, a 40 km de Fortaleza, a comunidade Alto
Alegre abriga, em casas muito simples, 270 famílias descendentes do Negro
Cazuza. Vindo da África com outros 40 escravos, ele escapou da morte pulando ao
mar, quando os traficantes tentaram descartar os prisioneiros. Chegou ao
litoral cearense, se instalou em Pacajus, foi capturado e apanhou por três
dias. Mesmo dado como morto, se casou com uma índia, teve 14 filhos e fundou um
quilombo.
Reconhecida pela Fundação Cultural Palmares em 2005, a
comunidade de Alto Alegre se divide entre o que guardou de tradição e as
novidades tecnológicas. Maria Alves da Silva, 85, já não é mais a parteira da
região, uma vez que os moradores preferem os cuidados do hospital mais próximo.
Já a raizeira Maria de Sousa Belarmino, 64, embora conviva com os remédios
industrializados, ainda é procurada frequentemente. “Ainda ontem veio uma
menina aqui com cansaço. Passei mel de urucum”, receita.
Boa parte dos jovens da comunidade já encontrou trabalho
em empresas ou abriu o próprio negócio, que vai de mercadinho a lan house. Mas
a agricultura e o artesanato com palha e barro ainda estão presentes. Bisneto
do Negro Cazuza, Cirino Augustinho, aos 86 anos cuida cotidianamente das
plantações de arroz, algodão e milho, enquanto sua esposa, Antônia Ramalho da
Silva, 76, elabora cestos e outros utensílios com palha de carnaúba.
Nego do Neco, presidente da Associação dos Remanescentes
de Quilombos de Alto Alegre e Adjacências (Arqua) explica que hoje há grande
interesse imobiliário pelas terras demarcadas e que a chegada de drogas como o
crack e o crocodil ameaçam a população mais jovem. Para discutir problemas e
dividir soluções, os descendentes de Negro Cazuza se encontram anualmente com
outras comunidades quilombolas do Estado e do Brasil para discutir propostas e
soluções.
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parabens para o nego do neco
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