Foram
inscritos 124 projetos de 20 Estados e do Distrito Federal. Entre os dez
escolhidos, Acaraú e Iracema
Fortaleza. Ontem, Dia da Consciência
Negra, foram divulgados os dez projetos selecionados no edital Gestão Escolar
para Equidade - Juventude Negra, lançado em agosto pelo Instituto Unibanco, o
Fundo Baobá e a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Foram selecionados
quatro projetos da região Nordeste, três da região Norte, dois da região Sul e
um da região Sudeste. Estre eles, dois são do Ceará, de Acaraú e Iracema. As
escolas e ONGs selecionadas receberão apoio técnico e financeiro para
desenvolver os projetos em escolas públicas de Ensino Médio em 2015.
Na vigência do edital, a UFSCar acompanhará e
documentará os projetos. Ao final, serão sistematizadas todas as experiências e
as mais exitosas serão divulgadas com o intuito de servirem como inspiração
para outras escolas. "Estratégias de gestão como sistemas de incentivo,
infraestrutura, apoio ao professor e outras, têm a possibilidade de enfrentar a
questão das desigualdades raciais na educação, desde que os gestores escolares
priorizem essa questão como foco de suas ações" afirma Ricardo Henriques,
superintendente executivo do Instituto Unibanco.
Após triagem inicial realizada pelo Fundo
Baobá, a seleção dos dez vencedores foi feita por um comitê formado por
representantes do Fundo Baobá, do Instituto Unibanco, da UFSCar, do Geledés
Instituto da Mulher Negra e da Secretaria de Educação Continuada,
Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) do Ministério da Educação.
Foram selecionados projetos de gestão escolar
que buscam elevar os resultados educacionais dos jovens negros e das jovens
negras no Brasil. Ou seja, que contribuam para a elevação de indicadores como o
acesso, a conclusão, a frequência, o rendimento escolar, o número de estudantes
que ingressam em cursos de educação superior e outros índices correlatos.
A desigualdade entre negros e brancos na
educação é evidente. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
(Pnad) de 2012 apontam que escolaridade média do homem negro é de 6,9 anos,
enquanto que a do homem branco é 8,7 anos, da mulher branca é 8,9 anos e da
mulher negra é 7,4 anos. Lamentavelmente esse cenário não será superado
rapidamente se tomamos por base a Pnad 2013, que constatou que 54,4% dos
brancos entre 18 e 19 anos tinham concluído o Ensino Médio enquanto apenas
35,7% dos negros na mesma faixa etária concluíram esta etapa da educação
básica.
Essas disparidades estão vinculadas às
relações raciais dentro e fora da escola. O edital Gestão Escolar para a
Equidade - Juventude Negra é uma das formas encontradas pelas entidades
envolvidas para contribuir com a reversão desse quadro, selecionando e apoiando
projetos que promovam uma gestão escolar que, a partir do reconhecimento das
desigualdades raciais, planeje, execute e monitore medidas para criar condições
de equidade.
"Uma das grandes críticas dos educadores
é a baixa adesão de gestores escolares ao tema da equidade racial. Este edital
estimula uma conversa interdisciplinar, para que o gestor assuma o tema no
projeto político pedagógico da escola, incluindo ações voltadas para o ano escolar
assim como ações de continuidade", acredita Suelaine Carneiro, do Geledés.
A maioria dos projetos está referenciada na
Lei 10.639/ 2003 que inclui a obrigatoriedade do ensino da história e da
cultura afro-brasileira e africana nas escolas. "Fiquei extremamente
impressionado com a qualidade técnica das propostas, com foco bem demarcado na
importância da lei. Foi muito positivo também ver o grande número de propostas
de áreas rurais e quilombolas" aponta Thiago Thobias, diretor de Politicas
de Educação do Campo, Indígena e para as Relações Étnico Raciais da Secadi-MEC.
Saiba
mais
EEEP
Marta Maria Giffoni de Souza – Acaraú
O Objetivo é sensibilizar profissionais da
educação sobre a importância da lei 10.639/03 e para que a temática da cultura
afro-brasileira e africana seja incluída no cotidiano e de maneira
interdisciplinar; identificar o racismo no cotidiano escolar e suas
consequências no processo de ensino-aprendizagem e no abandono escolar;
conhecer e valorizar as manifestações artístico-culturais afro-brasileiras como
expressão da identidade brasileira. Serão realizadas oficinas de preparação
para a Caravana da História e da Cultura Afrobrasileira, onde grupos de alunos,
sob a orientação de professores, desenvolvem ações educativas junto a alunos de
outras escolas. As atividades propostas pelo projeto incluem oficinas
culturais, pesquisas, grupos de estudos, concurso de fotografias e formação de
professores.
E EFM
Deputado Joaquim de Figueiredo Correia – Iracema
O objetivo é promover a participação dos
jovens negros e negras nos colegiados escolares, almejando que estes assumam
posições de liderança e protagonismo na unidade escolar. Dentre as atividades
propostas estão a montagem de rádio escolar, organização de grupo de teatro,
criação de blog voltado para os assuntos da comunidade afrodescendente,
concurso de vídeo com a temática "tenha orgulho de se auto afirmar
negro", concursos literários e outras atividades culturais.
Fonte: Diário do Nordeste
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