quinta-feira, 10 de abril de 2014

Na Ortodoxia o homem casado pode ser Padre!

Por Pe. Francisco José, de Fortaleza - CE.

Imagem meramente ilustrativa retirada do Google Imagens.

Existem três "Ordens Maiores" na Igreja Ortodoxa, Bispo, Presbítero, Diácono; e duas "Ordens Menores," Subdiáconos e Leitores (existiram no passado outras Ordens Menores, mas no presente, com exceção dessas duas, todas caíram largamente em desuso). Ordenações para as Ordens maiores sempre ocorrem durante o correr da Liturgia, e deve sempre ser feita individualmente (O Rito Bizantino, diferentemente do Romano, estabelece que não mais de um Diácono, um Presbítero e um Bispo podem ser ordenados em uma única Liturgia). Somente um Bispo tem poder para ordenar (em caso de necessidade um Arquimandrita ou Arcipreste, agindo como delegado do Bispo, pode ordenar um Leitor) e a sagração de um Bispo deve ser feita por três ou ao menos dois Bispos, nunca por um Bispo só: desde que o episcopado é de caráter "colegial," uma consagração episcopal é conduzida por um "colégio" de Bispos. Uma ordenação, enquanto feita por um Bispo, também requer o consentimento de todo Povo de Deus; assim num ponto particular do ofício a congregação reunida aclama a ordenação gritando "Axios!" ("Ele é Digno!"; O que acontece se a Assembléia grita "Anaxios!" "Ele é Digno!"). Isto não esta muito claro. Em muitas ocasiões em Constantinopla ou na Grécia durante o século vinte a congregação de fato expressou sua desaprovação desse modo, no entanto sem efeito. Mas alguns afirmam que, de qualquer modo em teoria, se os leitos expressam seu dissenso, a ordenação ou consagração não pode ser feita).

Os Presbíteros e Diáconos Ortodoxos são divididos em dois grupos distintos, os "Brancos" ou clero casado, e os "Pretos" ou monásticos. Os ordenados devem decidir antes da ordenação a que grupo eles querem pertencer, pois é uma regra estrita que ninguém pode casar depois de sua ordenação para uma ordem Maior. Aqueles que querem se casar devem portanto fazê-lo antes de serem ordenados Diáconos. Aqueles que não querem se casar devem se tornar Monges antes de sua ordenação; mas na Igreja Ortodoxa hoje em dia existe um certo número de clero celibatário que não fizeram formalmente os votos monásticos. Esses Padres celibatários, no entanto, não podem a posteriori mudar de idéia e decidir se casar. Se a mulher de um Padre morre, ele não pode se casar de novo.

Como regra o clero paroquial da Igreja Ortodoxa é casado, e um Monge só é indicado para algum cargo em uma Paróquia por razões excepcionais (de fato nos dias presentes particularmente na Diáspora os Monges são freqüentemente feitos encarregados de Paróquias. Muitos Ortodoxos, lamentam esse afastamento da prática tradicional. Bispos são escolhidos exclusivamente do clero Monástico. (Isto tem sido regra desde pelo menos o século seis; mas nos tempos primitivos existiram muitos exemplos de Bispos Casados. Por exemplo, o próprio São Pedro), apesar de um viúvo poder ser feito Bispo se ele aceitar os votos Monásticos. Tal é o estado do Monasticismo em muitas partes da Igreja Ortodoxa hoje em dia, que não é sempre fácil achar candidatos adequados para o episcopado, e alguns Ortodoxos começam a se perguntar se a limitação de Bispos provirem do clero Monástico não seria contra indicada sob as condições modernas. No entanto seguramente a verdadeira solução não será mudar a Regra presente que Bispos devem ser Monges, mas sim revigorar a própria vida monástica.

No início da Igreja o Bispo era eleito pelo Povo da Diocese, clero e leigos juntos. Na Ortodoxia de hoje é usualmente o Sínodo de cada Igreja Autocéfala que indica Bispos para tronos vacantes; mas em algumas Igrejas, Antioquia por exemplo, e Chipre, um sistema modificado de eleição ainda existe. O Concílio de Moscou de 1917-1918 estabeleceu que daí em diante os Bispos na Igreja Russa deveriam ser eleitos pelo clero e pelos Leigos; essa regra é seguida pelo grupo de Russos de Paris e pela OCA, mas as condições tornaram a aplicação dessa regra impossível dentro da União Soviética.


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