quinta-feira, 24 de abril de 2014

Opinião: Frei Tito vive

No dia 1º de abril deste ano o Brasil fez memória dos 50 anos do golpe militar e este foi um momento propício para relermos as páginas manchadas de dor e coragem de nossa história. Neste dia, as Cebs, pastorais sociais e organismos da Arquidiocese de Fortaleza realizaram um momento de oração e de escuta da profecia daquele que vivenciou até as últimas consequências sua fidelidade ao Evangelho. 

Diante do túmulo de Frei Tito de Alencar, cearense e natural de Fortaleza, não se fez memória como se faz costumeiramente de um personagem do passado ou de uma ilustre figura da história. Para a tradição cristã, fazer memória não é somente ”lembrar”, é trazer presente os sonhos e a fé de alguém que teve a coragem necessária de demonstrar a profecia que seu tempo exigia, e assim, imitar o Mestre: perdendo e ressurgindo, morrendo e renascendo.


Tito é a vida doada por um projeto que ainda hoje se faz necessário: uma sociedade mais justa. Suas causas vão muito além de ideologias e apregoações canônicas. Seu valor único para a Igreja e para o Brasil é o que o torna presente em outras vidas. E diante das atrocidades que ele viveu, nós temos sim, que fazer memória para que não se esqueça jamais de tantas pessoas, jovens, idosos, crianças, que tiveram na sua dolorosa paixão mais estações do que a descrita em Mateus 21.


Oxalá, que a Igreja que Tito tanto pedia ajuda nos momentos de dor e que inicialmente esteve relutante quanto à denuncia das torturas, nestes “tempos de Francisco”, comece a fazer uma memória mais incisiva daqueles e daquelas que fizeram das suas vidas um testemunho autêntico do Senhor.


Que recobre a dor de tantos que ainda hoje sofrem, das lágrimas que escorrem feito rios de sangue e da miséria que não é digna da obra do criador. “Toda honra a quem ela merece!”... A-Deus Tito!

João Leondenes Facundo
joaoteol@yahoo.com.br

Estudante de História (Uece) e de Teologia da Faculdade Católica
de Fortaleza


Jornal Opovo

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