O diretor comercial empresa cearense tem hoje dez reuniões
com importadores europeus no espaço de sua empresa no estande do Brasil, na
Fruit Logistic
Berlim (Alemanha). Prevenindo-se contra o pior - que seria mais
um ano de seca no Ceará, onde tem fazendas de produção em Icapuí -, a Agrícola Famosa, maior produtora e exportadora
brasileira de melão, já comprou, em outros estados, novas áreas de terras com
disponibilidade de água na superfície e no subsolo. Todas elas serão usadas na
produção de melão.
O sócio e diretor
comercial da empresa, Carlo Porro, disse ontem, ao Diário do Nordeste que
jamais viu o mercado mundial de frutas com cenário tão favorável, "a
começar pelo preço, passando pelo câmbio, porém o sinal de mais um ano de seca
no Ceará nos causa dor de cabeça".
Porro está aqui com seu
sócio, Luiz Roberto Barcelos, diretor de produção, e mais oito executivos da
empresa. Eles participam da Fruit Logística - maior feira de frutas do mundo,
que pela 23ª vez se realiza no Messe Berlim, o centro de eventos da capital
alemã. Na opinião de Carlo Porro, a possibilidade de ser agravada a crise de
oferta de água no Ceará deixa-o muito preocupado.
Racionamento
O próprio governo
cearense já anunciou sua decisão no sentido de restringir a oferta hídrica, e
uma de suas medidas já adotadas restringiu a vazão do Eixão das Águas (que
abastece Fortaleza e sua Região Metropolitana) e das válvulas dispersoras dos
açudes Orós, Castanhão e Banabuiú, o que já repercutiu diretamente na produção
agrícola.
"É por estes
motivos que decidimos buscar novas áreas em outros estados. Já compramos duas
fazendas em regiões diferentes, distantes mais de 400 quilômetros do porto do
Pecém, e nelas plantaremos a próxima safra de melão", disse o diretor
comercial da Agrícola Famosa, que tem hoje agendada uma dezena de reuniões com
importadores europeus. Essas reuniões serão realizadas no espaço de sua empresa
no estande do Brasil, na Fruit Logistic.
Segundo ainda Carlo
Porro, o mercado europeu de frutas brasileiras, como o melão, está muito
favorável. "O dólar deu uma boa subida, o preço das frutas na Europa
também melhorou, temos boa logística de transporte e uma rede fiel de grandes
clientes; o que nos causa preocupação mesmo é a questão da água, e foi por este
motivo que decidimos ampliar nossa área cultivada para outros estados",
explicou Porro.
Prevenção
Por sua vez, o
empresário Edson Brok, sócio e diretor da Tropical Nordeste, que produz e
exporta banana nanica em 300 hectares na Chapada da Ibiapaba, vê o mesmo
problema com outra perspectiva. Ele entende que o governo do Estado trabalha no
sentido de evitar o menor prejuízo possível à fruticultura, mesmo com a
restrição da oferta de água para o setor.
Brok reconhece que o
problema é causado pela natureza e não por algum erro de gestão ou de falta de
investimento do governo e que o sistema de açudes do Ceará tem garantido, até
aqui, o abastecimento humano e a produção industrial e agropecuária no Estado.
Edson Brok - que também
é sócio e diretor da Brok Logística e Brokfresh Exportadora - concorda com
Carlo Porro na análise do mercado mundial de frutas, que está com tudo a favor.
"Para nós,
produtores e exportadores de frutas no Ceará, falta só a ajuda da
natureza", afirma o empresário.
Egídio Serpa*
Colunista
(*) O colunista viajou a Berlim a convite do
Sebrae e da Abrafrutas.
Fonte: Negócios – Diário do
Nordeste (04/ 02/ 15)
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