MURO
DO MUSEU DIM BRINQUEDIM
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O estilo de Peter Pan é a aventura. Nunca, jamais
crescer. Brincar, lutar e viver heróicamente! São Francisco é despojado. Ama
animais e anda descalço. Vinicius é todo poesia até quando escreve para
crianças. Um poeta muito apaixonado. A xuxa é vapt vupt. Sem meios caminhos. E
o Dim, é brinquedim.
O sitio museu do Dim na Estrada da Coluna em Pindoretama,
Ceará, é um mundo de fantasia do menino da cidade pequena. De menino que correu
descalço na Praça da Matriz, que jogou bola na areia e que subiu e caiu de um
pé de siriguela. De um menino que nunca ficou adulto, mas que cresceu como
pintor, escultor, pesquisador e produtor de umas das obras artísticas mais
singulares do Brasil.
Na chegada ao museu a gente vê uma dúzia de pares de
olhos redondos que observam a estrada a partir do muro. Olhares curiosos de
olhos bem abertos. Pretos. Olhares de índios, portugueses, negros, amarelos,
vermelhos, brancos, roseos. Mas olhares de menino. De quem vê tudo pela
primeira vez, e vê tudo lindo.
Cruzo o portão. Há três bonecos gigantes a nos receber.
Braços levantados em alegria e suspensórios segurando largas calças coloridas.
Os olhos, entretanto, já trazem um pouco de nostalgia. Meio perdidos no espaço.
Mas os gestos, as cores, a alegria, nos ilumina.
O Sitio não é muito grande para quem mora em uma fazenda.
Mas é gigante para quem mora em um apartamento de cento e dezesseis metros
quadrados. A casa é ampla. Toda pintada. Limpa. Há peças coloridas em todos os
lugares. Dim vem construindo sua casa museu há dez anos. Nela junta a memória
de tudo que produziu ao longo de sua carreira, peças antigas que recolheu pelo
mundo, maquetes, projetos novos e antigos, peças e pinturas novas.
QUADRO
NO MUSEU DIM BRINQUEDIM – ACRÍLICO SOBRE TELA
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Dois bonecos gigantes com câmeras de cinema nas mãos
estão expostos na varanda. Lembro da primeira que os vi. Foi no VI Festival de
Cinema de Fortaleza, em frente ao Cine São Luiz, na Praça do Ferreira. Fiquei
impressionado. Eram lindos. Coloridos. Gigantes. Simpáticos. Depois os vi no
Dragão do Mar, ímpavidos personagens nas fotos dos visitantes de nosso templo
da cultura. Hoje me reencontro com estes dois velhos amigos e vejo que eles
continuam me encantando.
Dim me mostra uma peça pintada em 3D. A dimensão da
pintura plana e libélulas gigantes planando sobre o substrato super colorido.
Me diz que vai fazer aquilo grande, no sítio. Há também quadros incríveis em
todas as paredes. Olho as telas e entendo que fosse ele somente um pintor, já
seria um dos grandes. Em cada tela há uma visão infantil que se esmaeceu ao
longo de minha transformação em gente grande, um brilho de cores que vibram como
quando descobri o gosto de doce de burití, uma alegria como a que tive em meu
primeiro beijo de verdade.
Há ainda máquinas de brinquedo. Manivelas que movem asas
de borboletas e círculos de cavalinhos, e dezenas de bonecos carecas,
gordinhos, coloridos e pequenininhos que ele vende aos visitantes. Forma de
vender um pequeno pedaço de sua arte a preços que qualquer um pode comprar.
Saímos da casa e ele me mostra uma piscina. Minúscula
para quem tem o mar, gigante para quem não tem nem banheira. Mostra um cavalo
marinho que está preparando para colocar na beira da piscina. Pura e sólida
fantasia. Mostra o ateliê onde pesquisa e constrói e os banheiros
imaculadamente limpos à disposição dos visitantes que veem do todo o país.
À saida, vizinho ao um gato de fibra-de-vidro imenso,
está nos aguardando toda a família de artistas. A mulher, ela mesma personagem
do sonho de Dim, é companheira de luta há quinze anos. Hoje é mãe de uma menina
e um menino. Reproduções fiéis da mãe em tamanhos diferentes. Além deles há ainda
um saci pererê escondido no meio das árvores, três joaninhas gigantes arrumadas
em um jardim, (pequeno para quem conhece as Tulherias, mas gigante para quem
tem apenas um jarro na janela), um escorregador que sai a boca de um boneco e
uma libélula em tamanho extra, pendurada em numa árvore.
Agora no carro, ando na estrada nova da Coluna que une a
BR-116 à CE-04, grande obra de engenharia, obra viária necessária ao
desenvolvimento do Ceará. E penso com meus botões e não posso deixar de sorrir
por entre os lábios. A obra já valeria a pena só pelo museu do Dim Brinquedim.
Museu Dim Brinquedim
Estrada da Coluna, Pindoretama - CE.
Estrada da Coluna, Pindoretama - CE.
Fonte: http://labdavinci.com/
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