Por Cleide Bravo, de
Aracati – CE.
O Sr. Antonio Rodrigues da Silva Figueiredo, grande
comerciante no Aracati, conhecido por Cel.Figueiredo, era casado com Philomena
Porto da Silva Figueiredo, com quem teve sete filhos, dentre os quais, Bruno.
De todos os filhos do Cel. Figueiredo, o menor e mais
desprovido de carne era o Bruno que, ainda adolescente, recebeu o apelido de
“Major” (que, em inglês, significa maior). O apelido “pegou” de tal maneira
que, mesmo depois de adulto e casado ninguém o chamava de Bruno ou Sr.Bruno,
mas simplesmente Major Bruno, o apelido sempre grudado ao nome. Essa é a versão
da família; Porém há outra, registrada no livreto “Aracati e Seus Tipos
Populares”, de Josias Correia Barbosa, em 1943.
Josias conta com riqueza de detalhes, como o pedinte
conhecido por “Cabra Homem”, que na juventude fora militar, exigia esmola de
maneira autoritária, chamava as pessoas ricas pelo nome, e sempre com uma
patente de oficial.Exemplifica contando que quando Cabra Homem chegava na loja
de seu pai gritava alto: “Major Correia, minha esmola!” diz Josias: “foi por
esse tempo que começou a batizar com o nome de Major Bruno o então Bruno Porto
da Silva Figueiredo. Se não fora cabra homem, o nome estimado Major Bruno não
teria ganho a patente, pela qual hoje é conhecido”.
A meu ver uma versão não invalida a outra se o fato
aconteceu simultaneamente: Cabra homem pode ter ouvido alguém da família
chamando-o de Major Bruno ou a família ouvido o mendigo e, por zombaria, o
“batizou” com aquela patente. O certo é que a patente o acompanhou até morrer.
Abem da verdade, é bom que se diga jamais alguém disse ter notado algum
constrangimento ou aborrecimento do Bruno por causa daquele titulo antes do
nome. Muito ao contrário os amigos só o chamavam de Major. Simplesmente Major
ao que ele prontamente atendia. Quando prefeito do Aracati no período de 1922 á
1926 criou uma escola municipal, por acreditar que somente a educação com boa
instrução melhoraria o nível social e financeiro dos Aracatienses. Assim
pensando, procurou contratar os melhores professores de Fortaleza lenvando-os
para morar no Aracati. Para diretor foi contratado o professor Joaquim Moreira
de Souza que, anos depois, foi secretário de Educação do estado. Era irmão do
doutor Francisco Moreira de Souza, saudoso médico e fundador do Náutico
Atlético Cearense.
Major Bruno possuía salina no distrito Icapuí, hoje
município e sempre que lá ia a cavalo tomava por uma “estrada” natural que
saído da cidade passava pela várzea seguia pelo lugar conhecido por Córrego do
Rodrigues, subia as dunas, descia para a praia e continuava até Icapuí quando a
maré estava baixa. Com a maré alta não havia como chegar lá, por falta de
estradas, a única opção era a praia/estrada. Certo dia o Major procurou saber
de quem eram aquelas terras e as dunas que ele atravessava quando ia a Icapuí.
Depois de tomar conhecimento sobre quem era o dono procurou-o e comprou as
ditas terras e dunas por dois contos de reis. Pagou e tomou posse, logo depois,
ao tentar passar as escrituras no cartório ficou sabendo que não podia fazê-lo
por falta de inventário de duas gerações de herdeiros. Todavia, o Major Bruno
ficou com a posse da terra e era tido como dono. Como se diz foi uma posse
mansa e pacífica. Hoje, as terras então adquiridas são conhecidas nacionalmente
por Majorlândia, nome dado pelos amigos do Major Bruno, que significa “Terra do
Major”. Em 1936 ou 1937, graçou uma epidemia de Malária na cidade de Aracati
tendo como vetor o inseto pernilongo, a anofelis, de hábitos noturnos, que o
aracatiense chamava de muriçoca o Major que havia construído uma grande casa de
praia em sua propriedade de nome Majorlândia, com tantos quartos quanto eram
seus filhos, levou a família para lá. Muitos amigos do Major também queriam
ficar fora da cidade, por medo da doença, e ele, que tinha o coração maior que
o corpo, foi autorizando que construíssem cada um uma casa na sua Majorlândia.
Com a epidemia aumentando o instituto Oswaldo Cruz, de Manguinhos, com sede no
Rio de Janeiro capital do país mandou uma equipe de técnicos ao Aracati para coordenar
o combate ao mosquito vetor do plasmódio dium protozoário causador da doença.
Os hábitos e ciclo biológico do mosquito haviam sido estudados pelo fundador da
instituição. Também foram vários técnicos americanos, com verbas especiais para
ajudar a debelar aquele surto epidêmico e treinar as técnicas de combate ao
mosquito e a doença conseguiu a muito custo acabar com os pernilongos enquanto
as pessoas doentes recebiam quinino para se curarem, o quinino era o único
remédio na época para matar o protozoário que causa a Malária. Essa doença era
também chamada de Sezão ou de Impaludismo, por pensarem ter origem nas águas
poluídas dos lagos até Oswaldo Cruz esclarecer o problema.
As famílias que construíram casas na Majorlândia para se
protegerem da malária, pela manhã voltavam á cidade para trabalhar ou levar os
estudantes às aulas. Ao fim da tarde iam para Majorlândia onde dormiam
tranqüilos.
Acabado o surto epidêmico todos, inclusive o Major Bruno,
retornaram a vida normal da cidade mas, nos fins-de-semana e feriados todas as
casas eram ocupadas e muitos iam lá, mesmo sem abrigo, para tomar banhos de
mar. Major bruno constatou que com muitas casas se tornaram mais agradáveis os
períodos de férias e fins-de-semana não só para ele que tinha amigos para conversar
mas também para seus familiares e as autorizações do major continuaram…
Nascia assim, a Majorlândia como hoje a conhecemos, um
povoado de médio porte com dezenas de ruas e uma grande população sendo uma
parte de residentes fixos e outra ocasional. Hoje Majorlândia é considerada a
melhor Praia de Veraneio do Litoral Leste cearense.
Majorlândia completa em 2013, 76 anos e para comemorar
essa data diversas atividades estão sendo realizadas na comunidade nos dias 04
e 05 com o ápice no domingo, dia 06 de outubro com a IV Regata Ecológica de
Majorlândia que acontecerá a partir da 10h da manhã com show do grupo Moleque
Atrevido.
Fonte: http://www.aracati.ce.gov.br/a-terra-do-major/
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