quinta-feira, 17 de abril de 2014

Vereador critica imprensa de Aracati por não fazer perguntas ao INGA e MP

Durante a coletiva de imprensa, apenas a Folha de Aracati se inscreveu e questionou o INGA


A imprensa de Aracati foi alvo de críticas do vereador do PSB, Tácito Forte, ao não realizar perguntas que, segundo ele,  pudessem esclarecer os questionamentos da população durante a coletiva de imprensa realizada ontem (16) na Câmara Municipal, quando o Ministério Público se pronunciou oficialmente e apoiou a decisão da Comissão Organizadora, que optou apenas pelo cancelamento das provas aplicadas.

Para o vereador, o comprometimento de mais da metade da imprensa local com a atual administração de Aracati não contribuiu, na coletiva, para sanar as dúvidas de quem prestou o concurso público. “Senhor presidente, um concurso malogrado, que gera dúvidas, incertezas e revolta em 8.733 pessoas e respinga na empresa que organiza o concurso, não pode se resumir a uma coletiva de imprensa, onde mais da metade da imprensa é comprometida com o prefeito e não faz perguntas que a população quer saber”, disse.

Única a se inscrever para fazer perguntas à mesa, a Folha de Aracati questionou o representando do INGA sobre as garantias que a empresa daria à população de Aracati de que não haveria trapaças na próxima prova. Ao ser questionado pela Folha se o INGA não se sentia envergonhado pelos transtornos que causou aos candidatos, ao MP e à Comissão do concurso pelo suposto plagio. O advogado da instituição apenas reconheceu as falhas no processo e disse que o instituto pagou pelo conteúdo das provas. Uma vez que o contratado era uma pessoa idônea, o advogado disse que não poderia imaginar que o mesmo faria plagio das provas. “Já entramos na Justiça contra o elaborador da prova de Português”, disse.

Dispensa de licitação

Esperado com ansiedade pela população de Aracati, o concurso público foi realizado pelo Instituto Nacional de Gestão Avançada (INGA) no domingo (13), e se revelou num fiasco, após surgirem várias denúncias de irregularidades cometidas pelo INGA, entre elas acusações de plagio.

Segundo Tácito Forte, a revolta de quem se preparou para prestar o concurso  faz sentido, uma vez que estas pessoas perderam tempo para estudar e, ao final, tiveram que ouvir explicações “chulas” da empresa. “São explicações chuvas de uma empresa piegas e nós vamos nos calar sobre isso?”, questionou. “O que vai acontecer é uma afronta, Dra. Liduína, porque justiça pela metade é injustiça”, completou.

Para Tácito Forte, o Instituto Nacional de Gestão Avançada  é empresa que está sem moral e provou ser ineficiente para realizar o concurso público. “Ninguém confia mais nessa tal de INGA”, disse.

O vereador lembrou que este ano, durante algumas sessões da Câmara, chegou a se discutir a dispensa de licitação para que a prefeitura de Aracati pudesse contratar uma instituição idônea e séria, como a UFC e a UECE. “Saiu caro para o INGA pagar R$ 42 mil para alguém ir e dar um control C control V”, disse.

Segundo os cálculos do vereador, com os R$ 42 mil pagos para copiar a prova, mais os R$ 53 mil gastos na fiscalização, a empresa teve uma despesa com o concurso de Aracati no valor de R$ 95 mil. “Vai haver outro concurso, onde serão gastos mais R$ 95 mil, num total de R$ 190 mil de um contrato total de R$ 207 mil. Essa empresa só vai lucrar R$ 17 mil?. Isto é conversa para boi dormir”, completou.

Insatisfeitos com as possíveis irregularidades cometidas nas provas do concurso, um grupo de candidatos que realizou a prova no dia 13, começaram a colher assinaturas durante a coletiva. Eles devem encaminhar um abaixo-assinado ao MP, pedindo anulação do concurso e propondo uma ação coletiva por danos materiais e morais contra o INGA e a prefeitura de Aracati.

Entenda o caso:

A denúncia do médico Xavier Maia ao prefeito Ivan Silvério, publicada no facebook do prefeito na tarde de segunda-feira (14), desencadeou uma onda de denúncias sobre possíveis fraudes nas provas e o MP entrou no caso. De acordo com o relato do médico ao prefeito, uma amiga teria feito uma prova do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), de 2009, e estranhou a coincidência das questões de português.

Em nota ao site do jornal Folha de Aracati, o INGA, admitiu que seu controle interno detectou “defeito técnico” na prova de Língua Portuguesa e que esses defeitos não apontam qualquer indício de irregularidade no concurso público de Aracati.

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