quinta-feira, 1 de maio de 2014

Fortaleza: 'Praia do Futuro' estreia com presença de elenco e direção


Capital recebeu pré-estreia nacional do longa-metragem dois meses após exibição no Festival de Berlim

Após quase dois meses desde a estreia no Festival de Berlim, em fevereiro deste ano, finalmente o longa-metragem Praia do Futuro do diretor Karim Aïnouz teve suas primeiras exibições em Fortaleza, cidade natal do cineasta.

Pela manhã, foi realizada uma cabine de imprensa numa das salas do Cinema Dragão-Fundação Joaquim Nabuco, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC). Após o filme, Karim e o ator Wagner Moura, que faz um dos papeis principais da produção, concederam entrevista coletiva ao grupo de jornalistas presentes. Estavam presentes ainda uma das produtoras do filme, Geórgia Costa Araújo, e o ator mirim Savio Ygor Ramos, que interpreta o irmão do personagem de Wagner na infância.

À noite, o filme foi exibido mais duas vezes - novamente no Cinema Dragão-Fundação e, em seguida, em uma das salas do UCI Ribeiro Iguatemi. Na primeira, uma quantidade limitada de ingressos foi disponibilizada na bilheteria no começo da tarde, quando uma fila já atravessava a área do Planetário Rubens de Azevedo. Já a sessão no UCI Ribeiro Iguatemi foi apenas para convidados, com a presença de integrantes do elenco.

Coletiva

Na entrevista coletiva, tanto Karim quanto Wagner mostraram-se simpáticos e receptivos com os jornalistas, ao responderem todas as perguntas com disponibilidade. Apenas Savio Ygor, pela pouca idade, foi econômico nas palavras, divertindo a plateia com respostas meio tímidas. Wagner pareceu cansado, após compromissos anteriores de divulgação do filme em São Paulo e as horas de voo até Fortaleza. "Bom dia. Ou é boa tarde, já? Que horas são", perguntou aos presentes logo quando entrou na sala.

Preparo físico

Sobre seu personagem, o ator baiano arriscou dizer que foi o mais complexo que interpretou. "Porque ele tem perguntas para as quais não há respostas. Foi quando entendi isso que passei a compreender o personagem", explicou. Wagner ressaltou ainda o trabalho físico envolvido na construção do protagonista, um salva-vidas chamado Donato, que trabalha na Praia do Futuro, em Fortaleza.

"Existe todo um universo dentro desse personagem, mas você entende mais sobre ele por suas atitudes, não pela fala. Ele tem uma fisicalidade que é muito reveladora, ele se expressa quando dança, quando nada, quando transa (com seu parceiro, interpretado pelo ator alemão Clemens Schick). Isso é sofisticado e difícil de fazer", comentou.

No processo de preparação, Wagner conviveu com o major Cláudio Barreto, do Corpo de Bombeiros do Ceará, a quem agradeceu durante a entrevista. "Fiz um treinamento casca grossa, que ajudou a criar um tônus para o personagem", revelou.
Leituras possíveis

Da mesma maneira, Karim destacou os diálogos enxutos e as "lacunas" deixadas propositalmente na história do filme, para que o próprio espectador imagine como ela se desenrolou entre as passagens de tempo.

"O cinema não é uma mídia do nosso século, mas do século passado. É importante tentar trazê-lo para esse novo lugar, no qual as histórias são contadas de maneira diferente e os espectadores são cada vez mais interativos", comentou.

No filme, Donato precisa lidar com a primeira vítima de afogamento que não conseguiu salvar. Era um amigo do alemão Konrad, a quem ele precisa dar a notícia. Rapidamente, os dois engatam uma relação - primeiro sexual, depois amorosa.

As cenas de sexo do longa revelam atores corajosos e generosos com o trabalho. O salva-vidas segue para Berlim com Konrad, onde fica de vez, sem nunca mais dar notícias à família que deixou em Fortaleza - inclusive um irmão pequeno (Savio Ygor), que o tinha como herói.

Anos após o abandono, já adolescente, o rapaz (interpretado pelo talentoso cearense Jesuíta Barbosa) vai a Berlim em busca do irmão.

A partir desse mote, Praia do Futuro debruça-se sobre assuntos como fuga, medo e a aventura-se de lançar no mundo, sobre sentimentos de pertença, amor e a eterna busca pela própria identidade. Embora não seja o melhor trabalho do diretor, é um bom filme, capaz de suscitar diferentes leituras e sensações no espectador. A estreia nacional acontece em 15 de maio.

Adriana Martins
Especial para Cidade


  


Fonte: Jornal Diário do Nordeste

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