sábado, 17 de janeiro de 2015

Aquiraz: Ceará comemora 216 anos de emancipação

Há 216 anos, Portugal assinava Carta Régia que decretava a emancipação administrativa do Ceará, até então subordinado a Pernambuco. A data passa a ser comemorada quando foi instituído o Dia do Ceará, em 2004
Foi Maria, a que anos depois ganhou nome de louca, quem decidiu, à revelia do que queria a capitania de Pernambuco: após 143 anos de subordinação, em 1799, o Ceará, emancipava-se. Pernambuco, que perdeu, em uma Carta Régia só, os territórios que hoje são o Ceará e a Paraíba, estava em baixa, com o ciclo da cana-de-açúcar mal das pernas. Com o algodão sendo vendido até para Inglaterra, quem estava por cima da carne seca era o Ceará. O decreto da rainha, feito em um 17 de janeiro como hoje, 216 anos atrás, pretendia que o controle português das negociações com o Ceará não tivesse intermediários.


Em 2004, a lei estadual determinou que hoje fosse comemorado o Dia do Ceará, e durante todo o dia há programação em Fortaleza e em Aquiraz, a primeira capital do Estado. “A data marca a emancipação administrativa do território de Pernambuco, mas o processo de construção do que é o Ceará e o cearense permanece acontecendo”, explica Airton de Farias, professor e historiador.


O Ceará, como conhecemos hoje, não se criou com o decreto. “Ele foi desenvolvendo-se a partir do fortalecimento do forte do Ceará, em torno do rio Ceará, que onde hoje é Fortaleza. Tanto que é difícil precisar em que momento o Ceará ganha esse nome”, comenta o historiador. Airton relembra, para exemplificar a hegemonia da região onde hoje é Fortaleza, um costume próprio de pessoas do interior do Estado que, quando vinham para a Capital, diziam: “Eu vou para o Ceará”.


Até então, existiam no Ceará figuras administrativas como o capitão-mor e os ouvidores, que tinham de responder administrativamente ao governador da capitania de Pernambuco. E não eram incomuns os desmandos atribuídos aos capitães-mor que aconteciam pela distância do controle pernambucano.


Com a emancipação, a capitania passa a ter o governador próprio. O algodão, que antes era obrigado a passar por Pernambuco - aumentando o frete, o tempo de distribuição e os impostos embutidos -, poderia ser diretamente repassado para Portugal.


“Mas a capitania ainda permanece, seja pelo costume ou pela inexistência de uma estrutura de porto para escoamento, muito ligada a Pernambuco”, destaca Airton, apontando a Revolução de 1817 e a Confederação do Equador, revoltas comandadas pela colônia vizinha que tiveram participação do Ceará. Airton cita ainda a Região do Cariri que, pela proximidade territorial e os vínculos familiares, até hoje ainda mantém ligações com Recife.


Cearensidade

“A construção da ideia de Ceará e do cearense se dá mais fortemente no Segundo Reinado (1840-1889), quando são estudados a linguagem, a música, a literatura, a cultura”, explica Airton. Da emancipação para a vaia, o baião de dois, o sertanejo honesto e forte e o humor muito peculiar foi preciso ainda um longo caminho.

Serviço 
Dia do Ceará
Theatro José de Alencar

(Rua Liberato Barroso, 525, Centro)


15h - Visita guiada ao Theatro José de Alencar, sob a condução de Hugo Bianchi


18h - Hora do Angelus com tenor Franklin Dantas interpretando “Ave Maria”


18h30min - Sarau do TJA homenageando Guilherme Neto e Mário Gomes - com Ricardo Guilherme e convidados


Museu do Ceará

(Rua São Paulo, 51, Centro)

9h às 17h - Exposição: “Impressões do Sertão Cearense” - Xilógrafo João Pedro do Juazeiro


Sobrado Dr. José Lourenço

(Rua Major Facundo, 154, Centro)

10h - Debate com fotógrafos da mostra “Entre o Documento e a Ficção

– Fronteiras da Fotografia”


13h30min às 16h - “Cineclube Sobrado” - Exibição de curtas-metragens





Fonte: Cotidiano – Jornal O povo (17/ 01/ 15)

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