quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Aquiraz: Seca deve continuar no Ceará e causar problemas em zonas urbanas

Ceará começa o ano com a maior probabilidade de estiagem nos três primeiros meses de quadra chuvosa. Estado tem 64% de chances de ter chuvas abaixo da média. Governador promete levar demandas a Brasília

Em 2015, o Ceará tem 64% de chances de ter chuvas abaixo da média histórica nos meses de fevereiro, março e abril. É o pior prognóstico de quadra chuvosa divulgado pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) no sistema de previsão numérica, adotado desde 2012. “A grande diferença de 2014 para 2015 é que, em 2014, tivemos muito mais problemas na zona rural dos municípios. E agora, nós começamos a ter grandes problemas nas sedes municipais”, alertou o governador Camilo Santana (PT), em entrevista coletiva no Palácio da Abolição, na manhã de ontem.


O próximo trimestre tem 27% de chances de chuvas em volume normal (em torno da média) e apenas 9% para o Ceará ter um ano chuvoso (acima da média). O governador classificou o cenário como “preocupante” e anunciou que deve levar à presidente Dilma Rousseff (PT) um plano com ações necessárias para enfrentar um quarto ano consecutivo de estiagem no Estado. A intenção é captar recursos para ampliar medidas adotadas no Estado. Camilo não informou se há previsão de data para o encontro.

O governador afirmou ainda que ações emergenciais e estruturantes devem ser ampliadas em 2015. A partir deste ano, a Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag) passa a coordenar as pastas estaduais no enfrentamento aos efeitos da seca, com a criação de um grupo de trabalho envolvendo diversas secretarias. Como obras importantes para que o Ceará não dependa exclusivamente das chuvas, Camilo citou a transposição do rio São Francisco e o Cinturão das Águas. 


Obras

O socorro às sedes de municípios com risco de colapso hídrico é tendência a ser intensificada em 2015. Conforme pontua Francisco Coelho Teixeira, secretário estadual dos Recursos Hídricos, as adutoras emergenciais em obras ao longo de 2014 foram projetadas para este fim.


Com apenas 20% de volume total nos açudes do Estado, este ano começou com problemas para cidades como Canindé, Crateús, Caririaçu e São Luís do Curu. Segundo o secretário, a água que abastece Crateús ainda ajuda por cerca de 20 dias, conforme O POVO publicou na edição de ontem. Ele afirmou que o Governo busca dar celeridade à obra de adutora vinda do açude Araras, que estaria atrasada por falta de repasses federais no início deste ano. Frisou ainda que as adutoras para Canindé e Caririaçu já começaram a funcionar. Em São Luís do Curu, a ajuda vem pela operação com carros-pipa e com duas máquinas perfurando poços profundos.


Na Região Metropolitana de Fortaleza, a cidade de Aquiraz também foi citada. Além da dificuldade na Lagoa do Catu, os açudes Malcozinhado (24,9%) e Catucinzenta (8%) comprometem a sede. Teixeira explicou que a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) já faz intervenções para abastecer a cidade com águas do sistema metropolitano.

Ações

Medidas anunciadas pelo Governo


Elaboração de plano diagnosticando e antecipando soluções para crises de abastecimento.


Coordenação de medidas a cargo da Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag).


Continuar monitoramento de recursos hídricos e simulações de abastecimento município a município.


Acompanhar obras estruturantes, como novas barragens, Cinturão das Águas e a transposição do rio São Francisco.


Apresentar demandas do Estado para a presidente Dilma Rousseff.


Buscar verbas para ampliar programas de cisternas, operação carros-pipa (Defesa Civil Estadual e Exército), montagem de adutoras emergenciais, perfuração e recuperação de poços profundos.


Agilizar, junto à Companhia Energética do Ceará (Coelce), fornecimento de energia elétrica para adutoras que funcionam com ajuda de geradores.


SAIBA MAIS

Prognósticos de fevereiro a abril


Média: 517,6 milímetros


2012
Acima da média: 25%

Dentro da média: 40%
Abaixo da média: 35%

Observado: 283,9 milímetros



2013
Acima da média: 20%

Dentro da média: 35%
Abaixo da média: 45%

Observado: 272,1 milímetros



2014
Acima da média: 25%

Dentro da média: 35%
Abaixo da média: 40%

Observado: 375,1 milímetros



2015
Acima da média: 9%

Dentro da média: 27%
Abaixo da média: 64%





Fonte: Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) / Banco de Dados O POVO




Matéria copilada do Jornal O povo (21/ 01/ 15)

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