domingo, 15 de março de 2015

Aquiraz: Ceará quer atrair indústrias do ramo de medicamentos

Com o Núcleo da UFC, Estado passa a ter condições propícias para atrair novas indústrias
Três indústrias compõem a produção farmacêutica no Ceará: a Isofarma, no município do Eusébio (a 25,9 quilômetros de Fortaleza); a Fresenius Kabi, em Aquiraz (a 32,5km), e a Farmace, em Barbalha (a 503,4km). Com a consolidação do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM) em Fortaleza e a chegada da Fundação Oswaldo Cruz ao Eusébio, a proposta, conforme especialistas, é oferecer condições propícias para que outras indústrias se instalem no Estado.


“Está sendo criada toda essa ambiência para que seja atrativa às indústrias farmacêuticas que vierem para o Ceará”, explicou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas, Farmacêuticas, Colchões e de Material Plástico e Produtos Isolantes (Sindiquímica), Marcos Soares.


Atrair as grandes indústrias, entretanto, não é a única pretensão do Estado. Para o titular da pasta estadual da Saúde, Carlile Lavor, indústrias menores também têm espaço no mercado. Mas a ideia, com a expansão do polo industrial do Ceará, é acolher mais delas. “O que a gente pretende é que se tenha um grande desenvolvimento, mas não só das indústrias tradicionais, à base de fitoterápicos. O Ceará produziu muito conhecimento na parte de plantas medicinais e é possível o desenvolvimento nessa área”, exemplificou o secretário.


Outros estados do País também estão na corrida para ser referência na produção farmacêutica. “São Paulo está na frente e é o maior centro industrial do Brasil”, alerta Lavor. Depois dele, segundo o secretário, os estados do Rio de Janeiro e de Minas Gerais seguem no pódio. Esforços também têm sido constatados em Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. “Já há uma certa disputa interna por esse desenvolvimento”, revela.


Incentivo fiscal


Para que o Ceará garanta um lugar promissor nessa disputa, o presidente do Sindiquímica, Marcos Soares, diz que o Governo precisa oferecer benefícios fiscais às indústrias, como a redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em 99%. “Tivemos reunião com o Ademar Cruz (chefe da Divisão de Ciência e Tecnologia do Itamaraty), informando que tem uma indústria ucraniana com know how (na produção) de insulina. A gente até já se prontificou a ver a questão do contrato, mostrar a estrutura do Estado”, conta.


Um agravante que pode prejudicar a relação entre a indústria e centros científicos como o Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM) da Universidade Federal do Ceará (UFC), por exemplo, é que os investidores locais têm medo de apostar em novos medicamentos, segundo entendimento da coordenadora do programa de Pós-graduação em Farmacologia da UFC, Geanne Matos. “A indústria aqui ainda é muito pequena. Em alguns projetos, ela tem que dar a contrapartida de 50%, mas não quer dar porque é um tiro no escuro”, explica Matos. Ela diz, ainda, que, para além dos serviços prestados à indústria, o NPDM foi criado para formar recursos humanos. “Nós, que fazemos pesquisa, não temos esse imediatismo que ela (a indústria) tem”. (Luana Severo)

Frase


“A indústria aqui ainda é muito pequena. Em alguns projetos, ela tem que dar a contrapartida de 50%, mas não quer dar porque é um tiro no escuro”, Geanne Matos



SAIBA MAIS


Para especialistas, o espaço destinado ao polo industrial farmacêutico do Eusébio não é suficiente para atrair indústrias farmacêuticas para o Estado.

As três grandes indústrias farmacêuticas no Ceará, começaram desenvolvendo soros para aplicação intravenosa.


Para o secretário da Saúde, Carlile Lavor, um polo industrial como o do Eusébio significa empregos de alto nível. “São especialistas, mestres, doutores, pesquisadores. É um nível de indústria que o mundo todo quer”.




Fonte: Ciência e Saúde – Jornal O povo (15/ 03/ 15)

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