quarta-feira, 9 de maio de 2012

Pindoretama: Messias Holanda Dieb – Um filho ilustre



Por Ricardo Costa, de Pindoretama - CE


Conheça um pouco da história de vida desse guerreiro que tanto orgulha seu torrão natal, Messias Dieb – Um exemplo a ser seguido! Pindoretama se orgulha de ti! 

MEMORIAL ACADÊMICO:  Assim como muitos brasileiros nascidos na década de 1970, venho de uma família simples e de origem interiorana. Meu pai era agricultor e minha mãe uma professora das séries primárias, altamente convicta de sua escolha profissional. Por esta razão, passei a infância inteira dividido entre minha casa e uma sala de aula, cheia de crianças em processo de alfabetização. Minha mãe nunca quis outra atividade escolar que não fosse alfabetizar crianças e, em conseqüência, eu vivia cercado de livros, cartilhas e cadernos de exercícios. Por essa razão, cedo aprendi a dominar o sistema alfabético de escrita e a ler fluentemente junto com as outras crianças, antes mesmo da idade em que se ia, convencionalmente, à escola naquela época.
Apesar das muitas dificuldades que enfrentei na trajetória estudantil, desde o Ensino Fundamental até ao Médio, nunca descuidei nem desisti de ampliar o leque de possibilidades que poderiam se abrir para mim através da Educação. Ao concluir o Ensino Médio, pensei em dar continuidade a minha formação na Universidade, mas tive de adiar esse projeto haja vista sua concretização depender de que eu morasse na capital do meu estado, o Ceará, e tal fato tornava quase inatingível para mim o acesso à educação superior.
Estar na Universidade sempre foi um sonho para mim. Não sabia exatamente porque, mas sonhava estar nesse ambiente. Talvez porque ele representasse algum status, e eu sempre gostei disso. Como já mencionei, acima, por morar no interior do estado achava difícil conseguir adentrar as salas da Universidade, apesar de sempre acreditar no meu potencial.
Enquanto isso, a influência de minha mãe me levou à sala de aula, como professor das séries iniciais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. Esse fato, no entanto, desencadeou uma seqüência de outros acontecimentos. Por razões de caráter político, em 1988, aos dezoito anos, deixei a cidade de Pindoretama, minha terra, e as atividades no magistério. As razões políticas que me fizeram sair da cidade estão relacionadas à impossibilidade de me compatibilizar com uma idéia reacionária de gerenciamento da Educação que se materializava nas condições de trabalho impostas aos professores municipais da época. Dado que não conseguia esconder minhas convicções e as levava muito a sério, não pude permanecer na cidade, que então “fechava as portas” para mim. Para alguns, isso representou um ato de covardia, mas minha consciência estava tranqüila porque sempre achei necessário dar alguns passos para trás se eles me levassem, posteriormente, para frente.
Com a ajuda de minha tia Maria Dieb, pude, finalmente, morar em Fortaleza onde, apesar de estar muito mais próximo da Universidade, tive de vivenciar a realidade de quem, geralmente, vem do interior para a “cidade grande”. Minha primeira e única ocupação profissional na capital foi em um motel, na função de gerente, o que me levou a adiar o sonho da Universidade devido ao excesso de trabalho. Nessa função, permaneci por cinco anos e, como não tinha muito tempo para estudar, fui reprovado por duas vezes ao enfrentar o exame vestibular. Contudo, percebi que seja em que local for, é sempre possível aprender e ensinar alguma coisa. Do trabalho no motel tenho guardado muitas lições, inclusive a de que a profissão que escolhemos nos acompanhará sempre, onde quer que estejamos. Por isso, entre meus colegas de trabalho, eu era visto como uma espécie de “tira-dúvidas”, afinal era um professor no meio de muitas pessoas que mal sabiam assinar o nome. Apesar de haver outras pessoas que também tinham certo grau de instrução, eu continuava sendo “o professor”.
No papel de gerente, aprendi a me relacionar com pessoas muito diferentes. Desde os servidores mais humildes até os clientes mais exigentes; alguns, inclusive, muito aborrecidos. Assim, em meio a esse turbilhão de relações a serem gerenciadas, sentia a falta das salas de aula, dos livros, das ricas experiências que meus alunos me contavam e que, a partir delas, sempre iniciava as aulas do dia. Foi, portanto, um longo e nostálgico período que me “roubou” exatamente o tempo de um curso Universitário.
Em 1993, ao tirar férias pela primeira vez, fiz uma viagem de dois meses à Europa. Quando retornei da viagem, percebi que se continuasse a trabalhar como gerente no motel minha carreira profissional poderia estar limitada àquela função. Dois anos depois, em 1995, decidi voltar à minha cidade, sem a mínima previsão do que me traria aquele retorno e sem saber que ele representava exatamente o início de minha profissionalização. Assim, ainda que não tenha sido de imediato, pois trabalhei como Secretário do Trabalho e Assistência Social por oito anos consecutivos, o retorno de Fortaleza para Pindoretama era o recomeço de um projeto de vida que começava a se concretizar, ou seja, minha preparação e efetivação na docência como escolha de atividade profissional.
Na condição de gestor de uma pasta administrativa, vivenciei inúmeras experiências que me ajudaram a conhecer melhor o universo das políticas públicas: educação e cultura, saúde, trabalho e assistência social. Além delas, pude também atuar na área de financiamento dessas políticas, especialmente no que concerne aos conselhos e comissões que a elas estão vinculados, como se pode conferir nos documentos comprobatórios anexos, sob o título Atuação Profissional (Prefeitura Municipal de Pindoretama - CE).
Paralelamente a isso, não fiquei parado, descuidando de minha formação. Nesse sentido, aos cursos que já tinha feito sobre Formação de Orientadores de Aprendizagem, Inglês (básico, intermediário e avançado), Princípios Básicos do Teatro e a Montagem Teatral, Descentralização Administrativa, Inglês para Adolescentes e o Uso de Recursos no Ensino do Inglês, acrescentei cursos sobre a Docência na Língua Inglesa, os Processos de Mutirão Habitacional, os Conselhos Municipais do Trabalho, a Pesquisa Fenomenológica, o Francês Instrumental e as Rotinas Acadêmicas, como se pode ver no item Formação Complementar de meu Currículo Lattes, o qual foi anexado aos documentos comprobatórios deste memorial, a fim de que possam ser dirimidas as possíveis dúvidas.
Penso que o contato com todos esses conhecimentos foi relevante para a minha formação acadêmica no sentido de me fornecer maior poder de expressão e certa flexibilidade na relação com o outro. Tanto as atividades de teatro como a aprendizagem sobre as línguas inglesa e francesa tiveram um importante papel nesse sentido, contrabalanceadas pela rigidez nas temáticas de formação junto aos Conselhos Municipais, enquanto espaços democráticos de participação popular. Assim sendo, reafirmo que foi com a volta para Pindoretama que pude, finalmente, me preparar para realizar o sonho de ser um estudante e, posteriormente, um professor universitário.
Com a interiorização promovida pela Universidade Estadual Vale do Acaraú, ingressei no Curso de Pedagogia, em 1998, e mesmo não tendo desfrutado, plenamente, de uma ambiência acadêmica, pois os cursos no interior acontecem quase sempre em escolas de Ensino Fundamental e Médio, pude “beber da água deliciosa do conhecimento” ministrado em nível superior. Apesar da euforia, durante as aulas, sentia-me, às vezes, como um peixe fora da água, pois parecia que meus colegas não estavam ali com o mesmo propósito que eu. Sentia-me grande, importante, feliz, desbravando tantas coisas novas, tantos mundos diferentes os quais, até o momento da minha aprovação no vestibular, só existiam na esfera das possibilidades.
As aulas de Filosofia, Sociologia e História da Educação me trouxeram uma certeza ímpar: sem hesitar, decidi que era nesse novo mundo que se abria para mim que eu queria ficar, tanto para continuar me deliciando com o “sabor do saber” quanto para poder também proporcionar isso aos outros. Às vezes, parecia que a aula se tornava um diálogo entre três ou quatro alunos e o professor. Eu era um desses alunos, e quanto mais o tempo passava, mais eu percebia a distância em relação a determinados colegas da turma. Ao contrário de mim, eles pareciam rezar para que o curso acabasse, como se isto fosse devolver uma paz que lhes havia sido roubada subitamente.
Além da experiência de novas aprendizagens, alguns professores foram marcantes para mim. Pessoas que, além da “cultura livresca”, propedêutica, em que mergulharam, tinham uma alma gigantesca, uma aura de superioridade nas palavras sem, no entanto, parecerem arrogantes. Algo parecido com o que o filósofo alemão Friedrich Nietzsche chamava de vontade de potência, ou espírito elevado. Penso, certamente, que era o meu encantamento com o curso de Pedagogia que me fazia dar um colorido especial a determinadas coisas, e, por isso, no final das contas, acabava gostando de quase tudo. Quanto mais os professores me pudessem “dar”, em termos de conhecimento, mais eu os “explorava” intelectualmente.
Na época, talvez, não me apercebesse das vicissitudes da academia. Hoje, tenho mais claro que, em alguns casos, vivi uma intensa relação de amor e ódio com alguns professores e colegas da turma. Egocêntrico como sempre fui, tinha dificuldades de ceder às pressões do universo acadêmico, as quais tendem a nos empurrar tanto para a tolerância quanto para a divergência declarada. Assim, vivi, intensamente, meio “sem consciência” disso, um pouco da chama que queima, veementemente, na fogueira das vaidades acadêmicas.
Dando continuidade à minha formação, ao concluir o curso de Pedagogia, e naquele momento vivendo uma situação sócio-econômica bem mais favorável, submeti-me com sucesso, em 2002, à seleção para o Mestrado no Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará (Faced/Ufc). Alí, obtive um maior crescimento intelectual ao mesmo tempo em que experienciei outras relações de caráter bastante conflituoso. Dito de outro modo, houve algumas experiências ruins, mas também reconheço o quanto de prazerosa foi a inserção naquele ambiente acadêmico.
Foi muito bom reviver com intensidade as alegrias da graduação, acrescidas das descobertas que não paravam de acontecer, e da vontade sempre de ir além. Isto se justifica porque, às vezes, uma decepção se configura como um convite para uma futura paixão. Assim, se algumas pessoas me decepcionaram, não posso negar que essas mesmas pessoas também me proporcionaram a vivência de muitas alegrias e, por meio de suas atitudes, o desenvolvimento de um sentimento muito respeitoso. Afinal, compreendi que naquele momento, em que não nos entendemos, cada um tinha suas razões, as quais não eram, e ainda não são, maiores nem melhores do que as do outro.
Foi no Mestrado, inclusive, que tive minha primeira experiência de congresso: participei, logo em 2002, da Semana de Educação da Faculdade de Educação da UFC e do II Encontro de Pesquisa em Educação da UFPI, em Teresina-PI. Depois dessas, sucederam-se, em 2003, outras participações em eventos, tais como: o XVI Encontro de Pesquisa Educacional do Norte e Nordeste (EPENN), em Aracajú - SE, a I Conferência Nacional sobre Representações Sociais e a III Jornada Internacional sobre Representações Sociais, estas últimas promovidas pela UERJ na cidade do Rio de Janeiro - RJ. No ano seguinte, em 2004, movido ainda pelo objeto de estudo de minha dissertação de Mestrado, sob o enfoque da teoria das Representações Sociais, participei VI Encontro Regional Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em Representações Sociais que aconteceu em Fortaleza.
Com essas experiências, aprendi o quanto é importante a participação em eventos, com publicação de trabalhos completos e resumos, não apenas para o nosso currículo, mas também para o aprofundamento do tema de pesquisa. Um exemplo disso é que foi exatamente na Conferência e na Jornada sobre Representações Sociais, no Rio de Janeiro, que meu objeto de estudo no Mestrado ganhou um delineamento mais preciso e mais claro para mim e para minha orientadora, Profa. Dra. Maria de Fátima Vasconcelos Costa, tanto no que concerne aos aspectos teóricos como metodológicos.
Vale salientar que foi somente na Pós-Graduação que, pela primeira vez, pude aprender o que é pesquisar; e o melhor de tudo foi a oportunidade de publicar alguns dos resultados dessas pesquisas. Apesar de já ter publicado, anos atrás, em um jornal de circulação regional, um pequeno texto sobre Os movimentos sociais em Pindoretama, não posso esconder que foram as publicações durante o Mestrado que mais me motivaram a seguir carreira acadêmica, haja vista a satisfação de estar realizando um trabalho mais consistente, embasado na pesquisa. Desse modo, além de publicar resumos e trabalhos completos nos anais dos congressos[1], acima citados, publiquei também dois trabalhos como capítulos de livro: Nietzsche e a insurreição do gênio, produzido para a avaliação de uma disciplina obrigatória, e A formação docente na educação infantil e as representações sociais do professor sobre a sua profissão, este sendo parte da pesquisa de Mestrado que estava em andamento na época.
Outro fato relevante de ser mencionado é que mal tinha sido aprovado para o curso de Mestrado e já percebia o quanto o nome e a tradição da Ufc me abriam portas. Essas portas, até há pouco tempo, pareciam intransponíveis para mim. Entre elas, quero registrar a oportunidade de dar aulas em um curso de nível superior, o que aconteceu ainda em 2002 quando, a convite de uma coordenação de curso de graduação oferecido pela Universidade Estadual Vale do Acaraú, ministrei em Regime Especial, uma disciplina intitulada Leitura e escrita em Português (90h - 2002).
Após essa bem sucedida experiência, aconteceram outros convites para ministrar também as seguintes disciplinas: Leitura e escrita de Português (90h - 2003), Gramática e o ensino de Português (60h - 2003), Análise e produção de materiais didáticos (45h - 2003), Metodologia da pesquisa em educação (45h - 2004), Estágio de metodologia da pesquisa em educação (15h - 2004), Metodologia do ensino de Português (90h - 2004), Prática de produção de textos I (60h - 2004), Introdução à Lingüística Textual (60h - 2004), Metodologia da pesquisa em educação (45h - 2005), Estágio de metodologia da pesquisa em educação (15h - 2005), em nível de graduação e, em nível de pós-graduação lato sensu, Estrutura e funcionamento do ensino básico (30h - 2008).
Concomitantemente ao registro de tais memórias, torno-me consciente de que não foi apenas o título de mestre que me colocou na docência universitária. Com efeito, tenho de admitir que “a marca Ufc” legitima tal título e também contribuiu para essa realidade, além, obviamente, de minha própria capacidade de superar obstáculos. Confesso que tenho o maior orgulho quando penso que obtive tantas conquistas, embora, às vezes, me sinta um pouco triste, mas sem culpa, tendo em vista que sou o único de minha turma de graduação a relatar tais vitórias, até o presente momento.
Isto sinaliza para mim que a Universidade ainda é um espaço para poucos. Mas, seja como for, as muitas perspectivas sob as quais penso a minha história de vida sugerem o quanto ela havia reservado um lugar considerável para essa instituição. Nesse sentido, acho que minha relação com o saber, como diz Bernard Charlot, e minha relação com a Universidade não foram muito diferentes das várias que existem por aí: elas se envolveram e se constituíram a partir de sonhos, de amores, ódio, paixões e de tantos outros sentimentos que somente a nós mesmos interessa conhecer.
Ao ser aprovado em 2004, por mudança de nível, para o curso de Doutorado, senti-me muito mais feliz do que quando entrei no Mestrado. Acho que o motivo, para tal, foi que amadureci mais um pouco e, assim, pude compreender melhor o “mundo” da Universidade. A meu ver, outro elemento que contribuiu para essa compreensão mais ampla da Universidade foi, igualmente, o fato de eu também ter sido aprovado, em 2004, no concurso para professor auxiliar da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN – Campus de Assú. Isto se justifica porque a vivência e a experiência construídas no trabalho profissional dentro do espaço de um campus universitário alargaram, e muito, minha visão acerca dos processos que se desenvolvem nesse ambiente.
Com efeito, devo dizer que minha formação profissional tornou-se um pouco mais consistente na UERN, embora eu tenha muito que aprender profissionalmente, devido às aprendizagens cotidianas que as atividades e atribuições demandadas pelo Departamento de Educação da UERN – Campus de Assú me “impuseram”, tanto na área do ensino como da pesquisa e da extensão. Acerca dessas atividades e atribuições, falarei mais detalhadamente na seqüência deste memorial acadêmico.
Posso afirmar que aprendi muito ao participar de várias comissões, dentro e fora do departamento (Comissão científica do Encontro de Pesquisa e Estensão da UERN em 2005 e 2006; do II Encontro Nacional sobre Hipertexto – UFC; do I Colóquio sobre Hipertexto – UFC), de bancas examinadoras de projetos e de concurso público (Concurso de Provas e Títulos para Docentes – Fundamentos da Educação – UERN/campus de Assú), de avaliação de estágio probatório (Docentes do Curso de Pedagogia da UERN/ campus de Assú) e seleção para monitoria (Disciplina de Sociolingüística do Departamento de Letras - UERN/ campus de Assú), orientação de monografias (alunos da Graduação: Daianna Fernandes de Menezes, Flávio César Bezerra Avelino, Maria de Fátima Moura da Silva e Leonor Moura da Cunha Neta, e da Pós-Graduação lato sensu: Ozélia Horácio Gonçalves, Enilda de Souza Barbalho, Maria da Conceição Ribeiro de Araújo, Maria José Saraiva de Lima Rocha, Francisca de Jesus Gomes de Souza), além de outros trabalhos de conclusão de curso, defesa de monografias (de alunos da Graduação: Dinete Batista de Almeida e Jamiliana Eleica Gomes Estêvão e da Pós-Graduação lato sensu: Maria Ildevânia Gonçalves Edson e Antônia Nágela da Costa), banca de Mestrado (aluna Thatiane Paiva de Miranda – PPGL - UFC) e de Doutorado (aluna Silvana Maria Calixto de Lima – PPGL - UFC), coordenação de projetos de pesquisa (O professor da educação infantil e sua relação com o saber – 2007/2008 e Ambientes virtuais de aprendizagem: a dimensão identitária da relação com o saber de alunos de um curso via Internet – 2008/2009) e orientação de iniciação científica (alunas Maria Eliziária Teixeira da Silva – 2007/2008 e Carlineide Justina da Silva Almeida - 2008/2009).
Além dessas atividades, não posso deixar de registrar as atividades de ensino de graduação e pós-graduação lato sensu, bem como as ações de extensão universitária. Uma das atividades extensionistas mais relevantes de que participei na UERN foi o Concurso Petrobrás de Redação. Este concurso tem como objetivo despertar nos alunos do Ensino Fundamental e Médio o interesse pela leitura, além de promover o desenvolvimento de suas habilidades pessoais com a escrita e da visão crítica sobre a sociedade em que estão inseridos. Dele participam os alunos de quase todos os municípios do Rio Grande do Norte, onde há a exploração de Petróleo, além de três municípios cearenses: Icapuí, Aracati e Paracuru.
Participei ainda, como consultor do Ministério da Educação (MEC) em parceria com a UERN, de outro importante trabalho de extensão: a elaboração do Plano de Ações Articuladas – PAR – dos municípios de Carnaubais e Campo Grande, ambos no Rio Grande do Norte. O PAR é um documento que integra a adesão ao Plano de Metas Compromisso Todos Pela Educação, assinado pelos prefeitos junto ao MEC e tem como objetivo o alcance das metas estabelecidas para o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) nos municípios menos desenvolvidos. Nesse sentido, é inegável o crescimento profissional que essas ações me proporcionaram, além de me permitirem contribuir com a sociedade de modo mais efetivo e direto, como representante de uma importante instituição pública como é a Universidade.
Em função da dinâmica do trabalho na UERN e do curso de Doutorado, que durou três anos (agosto de 2004 a abril de 2007), participei de muitos outros eventos com publicação de trabalhos completos e resumos, dentre os quais destaco: em 2005, pelo fato de estar estudando sobre a formação do professor de educação infantil, participei do Encontro Regional sobre Formação e Práticas Docentes promovido pelo Mestrado em Educação da Universidade Estadual do Ceará (Uece); em 2006, a 29.ª reunião anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd), um dos nossos mais importantes fóruns de debates sobre as questões científicas e políticas da área da Educação no Brasil; o III Fórum Nacional de Educação, na Universidade Luterana do Brasil (ULBRA/Torres – RS); o XX Encontro Nacional do Movimento Interfóruns de Educação Infantil do Brasil (MIEIB) e o XII Encontro de Educação Infantil do Rio Grande do Norte em Natal; o II Seminário da Linha de Pesquisa Desenvolvimento, Linguagem e Educação da Criança do Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira da Faculdade de Educação da UFC; bem como a Semana de Educação da UERN - Campus de Assú - RN; nesse mesmo ano, participei da Semana Pedagógica dos Municípios de Santana do Matos, Jucurutu e Paraú, ambos no Rio Grande do Norte, bem como da Semana Pedagógica do Colégio Maria Ester em Fortaleza – CE.
Em 2007, participei do Colóquio Internacional “Educação e Contemporaneidade”, promovido pelo grupo EDUCON da Universidade Federal de Sergipe (UFS); da I Jornada de Estudos e Pesquisas em Educação e Planejamento de Ensino (JEPEPE) do Campus da UERN em Pau dos Ferros-RN e do XIV Encontro de Pesquisa e Extensão da UERN (ENCOPE), em Mossoró-RN.
Dando continuidade a minha participação em eventos, em 2008, fui ao XIV Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino (ENDIPE), realizado pela PUCRS, em Porto Alegre-RS; ao XV Encontro de Pesquisa e Extensão da UERN (ENCOPE), em Mossoró-RN; ao II Seminário Interdisciplinar em Lingüística, Literatura e Educação (SILLE) da Faculdade Integrada da Grande Fortaleza - FGF; ao Seminário de Capacitação do Projeto de Extensão Plano de Ações Articuladas – PAR, promovido pela Pró-Reitoria de Extensão (PROEX) da UERN em Mossoró-RN e ao Encontro Internacional de Texto e Cultura realizado pelo Programa de Pós-Graduação em Lingüística da UFC, em Fortaleza.
Já neste ano de 2009, ajudei a organizar o I Encontro de Pesquisa em Assú - EPA, promovido pelos grupos de pesquisa do Campus da UERN em Assú: NUPED, PRADILE e NUPEG. Nele, participei com apresentação de trabalho, ministrando mini-curso e coordenando um grupo de trabalho (GT).
Em quase todos esses eventos, apresentei e/ou publiquei trabalhos completos e seus respectivos resumos, haja vista compreender que essa é uma atividade de extrema relevância para todos aqueles que estão na Academia.
Na seqüência de minhas publicações, em livro, escrevi dois trabalhos, em 2006, que foram publicados em uma obra organizada pelos professores Dra. Ercília Braga de Olinda e Dr. João Batista Figueiredo: A educação dialógica e o dialogismo: o educador freireano é um sujeito bakhtiniano, em co-autoria com prof. Dr. Júlio César Araújo (UFC), e A formação e a prática docentes na perspectiva freireana: interligações políticas e pedagógicas, em co-autoria com a profa. Ms. Socorro Barreto (UERN). Por meio da frutífera parceria com o prof. Dr. Júlio César Araújo, publicamos juntos, ainda em 2006, o trabalho Meu aluno escreveu iscada e pechi: o que devo fazer?, pela Revista Vida e Educação, da Editora Brasil Tropical, na qual publiquei um outro texto de mina autoria, intitulado Educação infantil e formação docente: o que esperam os professores.
Além dos trabalhos que publiquei na Revista Vida e Educação, fui convidado pela Editora Brasil Tropical, em 2007, para compor seu Conselho Editorial. Desde aquele ano, acompanho os trabalhos que são por ela publicados e sobre os quais tenho dado alguns pareceres. Na mesma direção, as Edições UERN, na pessoa da assessora da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propeg), me convidou para compor, em 2008, o seu Conselho Editorial. Em 2009, entrei também para o Conselho Editorial da Coleção Diálogos Intempestivos, das Edições UFC. Penso, pois, que tais convites sinalizam para o reconhecimento do trabalho que venho desempenhando, no que concernem as minhas produções acadêmicas, bem como trazem para minha pessoa uma responsabilidade ainda maior de honrar as expectativas e a confiança que em mim são depositadas.
Ainda no rol desses trabalhos, organizei com o prof. Júlio César Araújo, em 2007, o livro Linguagem e Educação: fios que se entrecruzam na escola, publicado pela Editora Autêntica de Belo Horizonte. Neste livro, além da Introdução, em co-autoria com ele, publiquei dois capítulos: Estudantes no ensino médio e a sua relação com as aulas de Português, fruto de uma orientação de monografia na UECE, de autoria de Francisca de Jesus Gomes, co-autora do trabalho comigo no livro, e A educação infantil na LDB: pressupostos antropológicos, éticos e sociológicos, trabalho produzido por mim, a partir das reflexões feitas nas disciplinas Educação Brasileira, ministrada pelos professores Dr. Jacques Therrien e Dra. Juraci Cavalcante, e História das Idéias Políticas e Educação, ministrada pelo prof. Dr. Rui Martinho, ambas cursadas no Doutorado.
E por falar outra vez no Doutorado, devo registrar também que desenvolvi minha tese dentro do grupo de pesquisa Ludicidade, Discurso e Identidades nas Práticas Educativas (LUDICE), coordenado por minha orientadora, profa. Dra. Fátima Vasconcelos. Com ela, e os demais pesquisadores desse grupo, publicamos, em 2007, o livro Modos de Brincar, Lembrar e Dizer, no qual participo com o capítulo A atividade de pesquisa em ciências humanas e a ludicidade: o que as brincadeiras podem comunicar? Estar no LUDICE tem sido uma experiência muito rica para mim e bastante gratificante, especialmente porque, através de minha orientadora, conheci o prof. Dr. Bernard Charlot. Sua teoria sobre a relação com o saber e a escola contribuiu não apenas com os elementos teóricos para a construção de meu objeto de pesquisa no Doutorado como também para a organização de um livro sobre esta temática.
O livro se chama Relações e Saberes na Escola: os sentidos do aprender e do ensinar, publicado em 2008, pela mesma Editora Autêntica de Belo Horizonte. Trata-se de um dos meus mais relevantes trabalhos, especialmente pelo fato de que, neste livro, além de pesquisadores da Universidade de Paris 8 – França, como o próprio Bernard Charlot e a profa. Dra. Élisabeth Bautier, consegui reunir pesquisadores de várias instituições brasileiras, tais como a Universidade Federal do Mato Grosso (UFMS), a Fundação Tide Azevedo Setúbal de São Paulo, a Universidade Federal de Ceará (UFC), a Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) e a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). No livro, além da Organização e da Apresentação, participo por meio da Tradução do texto Formas e atividades escolares: secundarização, reconfiguração e diferenciação social, da profa. Élisabeth Bautier e do capítulo A atividade de cuidar e educar crianças: uma rede de significados (re)construída pelo professor de minha autoria.
Como se pode perceber, foram muitas as aprendizagens que o LUDICE me proporcionou. Entretanto, para além delas, considero que as discussões na linha de pesquisa Linguagem, Desenvolvimento e Educação da Criança (LIDELEC), do Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira da Faculdade de Educação da UFC, bem como as parcerias intelectuais e acadêmicas, em especial com o prof. Dr. Júlio Cesar Araújo, fizeram-me perceber que nos fortalecemos muito mais, e sempre, quando estabelecemos laços, teias e relações na dimensão das que descrevi neste pequeno percurso de minha vida acadêmica.
Para exemplificar essa ideia, reporto-me ao recente lançamento, em abril de 2009, de mais um livro organizado pelo Prof. Júlio César Araújo – coordenador do grupo HIPERGED – e por mim. O livro é intitulado Letramentos na Web: gêneros, interação e ensino e nele, além da organização e da apresentação, assino um capítulo chamado “Escrevo abreviado porque é muito mais rápido”: o adolescente, o internetês e o letramento digital”, o qual escrevi em co-autoria com Flávio César Avelino, ex-aluno e orientando de graduação no curso de letras da UERN – Campus de Assú. A partir dessas experiências e realizações, devo dizer que tenho aprendido que, assim como encontramos pessoas que nos ajudam a trilhar certos caminhos, faz-se necessário que também ajudemos a outrem nesse mesmo processo, tal como venho fazendo com meus alunos e orientandos de iniciação científica e de monografia na graduação e na pós (lato sensu).
Nessa mesma direção, saliento o quão é importante participar de um grupo de pesquisa e que o que aprendi com o LUDICE pude reconfigurar no Núcleo de Pesquisas em Educação (NUPEd), um grupo de pesquisa co-fundado por mim no Campus da UERN em Assú, em parceria com as professoras Dra. Alessandra Cardozo de Freitas e Ms. Maria da Conceição Silva. Já como pesquisador no NUPEd, propus a criação da linha de pesquisa Educação infantil, práticas lúdicas e multiculturalismo na qual coordenei dois projetos de pesquisa, já citados acima: O professor da educação infantil e sua relação com o saber (concluído) e Ambientes virtuais de aprendizagem: a dimensão identitária da relação com o saber de alunos (professores da educação infantil) de um curso via Internet (em andamento).
No primeiro desses dois projetos, pude contar com a colaboração de uma bolsista remunerada pelo CNPq (Maria Eliziária Teixeira da Silva) e mais quatro bolsistas na condição de voluntárias (Cícera Ednete da Silva, Damária Sarmento, Geilma Aparecida Bruno e Maria Jozineide da Silva). No segundo projeto, atualmente, conto apenas com uma bolsista, também remunerada pelo CNPq: Carlineide Justina da Silva Almeida. A execução desses projetos proporcionou, tanto a mim como aos alunos que neles se engajaram, bons momentos de estudo e reflexão acerca das práticas docentes na educação infantil, bem como sobre a própria atividade de fazer pesquisa na área da Educação. Portanto, além de um espaço de estudo, o grupo de pesquisa se configurou para mim como um lócus de formação para a pesquisa e para a própria docência.
Considero relevante salientar, em acréscimo a essas experiências de publicação, que as disciplinas por mim ministradas na Universidade quase sempre foram ligadas a minha área de formação, que é a Educação. Após a minha chegada à UERN – Campus de Assú, em 2005, ministrei as disciplinas Princípios da Educação Infantil, Ensino de Ciências Físicas e Biológicas I, Ensino de Ciências Físicas e Biológicas II, Estrutura e Funcionamento do Ensino Básico, Organização do Trabalho Acadêmico, História da Educação, Metodologia do Trabalho Científico, Organização do Trabalho Científico, Prática de Ensino no Magistério das Séries Iniciais do Ensino Fundamental I, Ensino de Lingua Portuguesa I e Ensino de Lingua Portuguesa II. Portanto, seja na área dos Fundamentos da Educação seja na área da Instrumentalização Didático-Pedagógica, sempre tentei discutir com os estudantes do curso de Pedagogia sobre questões essenciais que envolvem, não apenas a reflexão na e sobre a práxis educativa e a docência no ensino fundamental, mas também, e principalmente, sobre o processo sistemático de construção do conhecimento: as metodologias de pesquisa.
Em 2009, fui transferido para a Faculdade de Educação – FE - do Campus Central da UERN, em Mossoró – RN, onde ajudei a construir a proposta de implantação do Curso de Mestrado em Educação, aprovado pela CAPES em 2010 e implementado em 2011.
No ano de 2010, fiz concurso para o Departamento de Fundamentos da Educação da Faculdade de Educação – FACED - da UFC e fui aprovado. Nesse departamento, atualmente, desenvolvo trabalhos de pesquisa, ensino e extensão. Também componho o corpo docente do Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira da FACED.
Com efeito, acredito que muito do que vivi como aluno, certamente, serve-me hoje de parâmetro para minha ação como docente. Por isso, traçar esse histórico de minha vida foi, sem dúvidas, relevante para que eu pudesse dizer das mobilizações que me conduziram e sustentaram durante a escrita deste Memorial. Primeiro, porque, com ele, tive a oportunidade de me conhecer um pouco mais, já que cotidianamente não costumamos fazer uma retrospectiva tão intensa do que pensamos, do que fomos, somos e/ou fizemos. Segundo porque, a cada realização narrada, parecia compreender melhor o sentido do que andei fazendo, especialmente no que concerne à intencionalidade contida em cada realização. E por fim, porque este relato me ajudou a premiar minha particular “olimpíada acadêmica” com uma merecida medalha de ouro, haja vista eu o estar concluindo com uma enorme satisfação de tê-lo escrito e de tê-lo constituído como parte de minha existência.







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