Por
Bárbara Costa, de Pindoretama – CE
Jenipapo-Kanindé é uma das etnias indígenas
do estado do Ceará. Localizada no município de Aquiraz, próximo as praias de
Presídio e Iguape. Descendentes dos Payaku, a tribo vive aos redores da Lagoa
Encantada, onde apresentam suas principais histórias, crenças, lendas, mitos e
danças.
As crianças da comunidade frequentam a Escola
Diferenciada de Ensino Fundamental Jenipapo-Kanindé , onde os
professores, que também são indígenas apresentam a cultura da região.Vivem da
pesca, da agricultura(batata-doce, mandioca e feijão), turismo comunitário, que
vem crescendo recentemente e produção de artesanato, que se encontra a venda no
‘’Cantinho do Jenipapo’’, que foi preparado para receber os visitantes e
oferecer as refeições, por um preço acessível. Também é oferecido o passeio
pelo morro do Urubu e pela Lagoa Encantada.
A Aldeia conta com um contingente
populacional de aproximadamente 300 moradores e 76 famílias. Maria de Lourdes
da Conceição Alves, mais conhecida por Pequena, foi durante muitos a Cacique,
onde a mesma afirma o seguinte: “Para ser índio não precisa estar vestido de
índio daquele jeito que todo mundo conhece, o nosso índio tá no sangue”.
A Cacique Pequena é uma das principais lideranças
femininas do movimento dos povos indígena, tendo sido a primeira cacique mulher
do Brasil, pela reivindicação dos direitos indígenas, viajou o Brasil, deu
conselho aos mais novos, ainda compõe canções para os rituais sagrados, e está
sempre muito sorridente a todos que visitam a Aldeia Indígena Jenipapo Kanindé.
Mas, atualmente a Cacique é Juliana Alves,
filha da Pequena. “Os mais jovens são mais engajados que os mais velhos, porque
já cresceram sabendo da nossa história, os mais velhos têm uns acomodados,
porque já foram muito perseguidos, a gente até entende”, afirma a eterna
Cacique Pequena. A seguir leia um poema de autoria da Cacique Pequena.
“O índio é natureza, o índio é água
viva
O índio ele existe, ele é de resistir
Na mata trabalha o índio, para ele tirar seu
pão
na santa terra trabalha, pra ele tirar seu
pão
Os índios estando junto, por sua terra lutar,
sua terra demarcada e também homologada
sua terra demarcada e também desintrusada
sua terra demarcada e também registrada
Não podemos aceitar, esse tipo destruidor
que veio pra destruir a nossa santa Mãe
Terra.
A nossa santa Mãe Terra, ela é grande tesouro
é nela que nós convive, é dela que nós
precisa
É dela que nós precisa, sem ela não somos
nada
somo que nem uns peixinhos, nadando fora da
água...”.
Atualmente a Aldeia conta com o “Museu dos jenipapo-Kanindé”, organizado
no espaço da antiga escola indígena. Neste sentido, os indígenas no museu
organizam a memória em primeira pessoa, enquanto espaços de representação
que estabelecem olhares para si: dos índios sobre eles próprios, vinculados à
sua memória, diversidade e identidade étnica, ao seu processo de
organização e luta política; apresentando seus pontos de vista sobre suas
culturas.
Estrada
que liga a CE – 453 a Aldeia Indígena Jenipapo – Kanindé
|
Área
Interna do Museu dos Jenipapo-Kanindé
|
Lagoa Encantada – Próxima ao Morro do Urubu
|
Maria de Lourdes da Conceição Alves (Cacique
Pequena)
|
ASSISTA
O DOCUMENTÁRIO: “OS CABELUDOS DA ENCANTADA”, onde é demonstrado por meio de
testemunhos e outras cenas o dia-a-dia da aldeia e a luta da etnia pela
demarcação das terras onde residem.
Ótima iniciativa! Essa reportagem despertou em mim a vontade de visitar e se possível até ajudar de alguma forma esse povo tão desassistido.
ResponderExcluir