quinta-feira, 20 de novembro de 2014

No Dia da Consciência Negra, o V&A visita a comunidade quilombola Alto

No Dia da Consciência Negra, o Vida & Arte visita a comunidade quilombola de Alto Alegre, em Horizonte, a 40 km de Fortaleza

Em Horizonte, a 40 km de Fortaleza, a comunidade Alto Alegre abriga, em casas muito simples, 270 famílias descendentes do Negro Cazuza. Vindo da África com outros 40 escravos, ele escapou da morte pulando ao mar, quando os traficantes tentaram descartar os prisioneiros. Chegou ao litoral cearense, se instalou em Pacajus, foi capturado e apanhou por três dias. Mesmo dado como morto, se casou com uma índia, teve 14 filhos e fundou um quilombo.


Reconhecida pela Fundação Cultural Palmares em 2005, a comunidade de Alto Alegre se divide entre o que guardou de tradição e as novidades tecnológicas. Maria Alves da Silva, 85, já não é mais a parteira da região, uma vez que os moradores preferem os cuidados do hospital mais próximo. Já a raizeira Maria de Sousa Belarmino, 64, embora conviva com os remédios industrializados, ainda é procurada frequentemente. “Ainda ontem veio uma menina aqui com cansaço. Passei mel de urucum”, receita.


Boa parte dos jovens da comunidade já encontrou trabalho em empresas ou abriu o próprio negócio, que vai de mercadinho a lan house. Mas a agricultura e o artesanato com palha e barro ainda estão presentes. Bisneto do Negro Cazuza, Cirino Augustinho, aos 86 anos cuida cotidianamente das plantações de arroz, algodão e milho, enquanto sua esposa, Antônia Ramalho da Silva, 76, elabora cestos e outros utensílios com palha de carnaúba.


Nego do Neco, presidente da Associação dos Remanescentes de Quilombos de Alto Alegre e Adjacências (Arqua) explica que hoje há grande interesse imobiliário pelas terras demarcadas e que a chegada de drogas como o crack e o crocodil ameaçam a população mais jovem. Para discutir problemas e dividir soluções, os descendentes de Negro Cazuza se encontram anualmente com outras comunidades quilombolas do Estado e do Brasil para discutir propostas e soluções.

Multimídia


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