A Matéria a seguir é do
Jornal Folha de São Paulo do último dia 30/ 08/ 13. Leia a íntegra:
Prefeituras vão demitir médicos para receber equipes do
governo
LUCAS REIS DE MANAUS | AGUIRRE TALENTO DE FORTALEZA |
NELSON BARROS NETO DE SALVADOR E DANIEL CARVALHO
DO RECIFE
NELSON BARROS NETO DE SALVADOR E DANIEL CARVALHO
DO RECIFE
Para aliviar as contas
dos municípios, médicos contratados por diferentes prefeituras no país serão
trocados por profissionais do Mais Médicos, programa do governo Dilma Rousseff
(PT) para levar estrangeiros e brasileiros para atendimento de saúde no interior
e nas periferias.
Na prática, a medida
anunciada à Folha por prefeitos e secretários de saúde pode ameaçar a
principal bandeira do plano: a redução da carência de médicos nesses lugares.
A reportagem identificou
11 cidades, de quatro Estados, que pretendem fazer demissões para receber as
equipes do governo federal. Segundo as prefeituras, essa substituição significa
economia, já que a bolsa de R$ 10 mil do Mais Médicos é totalmente custeada
pela União.
O plano de Dilma foi
lançado em julho e provocou polêmica na classe médica principalmente devido à
vinda de estrangeiros --incluindo 4.000 cubanos, que devem ser deslocados para
701 cidades que não despertaram interesse de ninguém na primeira fase do Mais
Médicos.
Outro atrativo alegado
por prefeituras para a troca de equipes é a fixação desse novo médico no
município por um período mínimo de três anos. Prefeitos reclamam da alta
rotatividade dos médicos, que não se adaptam à falta de estrutura nessas
localidades.
As cidades que já falam
em trocar suas equipes estão no Amazonas (Coari, Lábrea e Anamã), Bahia
(Sapeaçu, Jeremoabo, Nova Soure e Santa Bárbara --de acordo com a cooperativa
Coofsaúde), Ceará (Barbalha, Cascavel,
Canindé) e Pernambuco (Camaragibe).
Hoje, as prefeituras
recebem da União cerca de R$ 10 mil por equipe no programa Saúde da Família.
Complementos de salários e encargos, porém, são pagos com recursos de
Um exemplo é Coari, no
Amazonas, a 421 km de barco de Manaus, onde a prefeitura paga R$ 25 mil para
médicos recém-formados e R$ 35 mil para os especialistas.
"Somos obrigados a
pagar esse valor ou ninguém aceita. Vamos tirar alguns dos nossos médicos e
colocar os profissionais que chegarão do Mais Médicos", diz o secretário
da Saúde, Ricardo Faria.
A prefeitura diz que vai
demitir um médico de seu quadro para trocá-lo por outro que chegará já na
primeira fase do programa federal.
Plano igual ao de Lábrea
(a 851 km de Manaus), que tem seis médicos. "Pago R$ 30 mil para cada um
deles. [Substituí-los] diminuiria os gastos da prefeitura", diz o prefeito
Evaldo Gomes (PMDB).
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