quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Atenção Litoral Leste (I): Ceará receberá até 15 mil kitesurfistas estrangeiros em 2013

Conhecido como "Havaí do Kitesurfe", o litoral do Ceará é perfeito para o esporte por causa da temporada de ventos que vai de julho a dezembro

Dariusz Marchewka se apaixonou por Trairi, localizado a 140 km de Fortaleza, quando viajou de férias em 2008. O polonês conheceu vários países enquanto praticava kitesurfe, mas foi no Ceará que encontrou seu paraíso. Montou uma pousada e uma escola da modalidade, na praia de Guajiru. E, hoje, ele é a ponte para a vinda de europeus ao estado todos os anos, sempre no 2º semestre. Ávidos pelos fortes ventos que atingem a costa de julho a dezembro.


A temporada dos ventos atrairá de 10 mil a 15 mil turistas estrangeiros até o fim do ano. A estimativa é da Associação Cearense de Kitesurf (ACK), que indica o Ceará como o estado que hospeda o maior contingente de praticantes desse esporte. “Piauí e Rio Grande do Norte também recebem fortes ventos, mas um tem costa pequena e o outro não possui uma infraestrututa tão desenvolvida”, aponta o vice-presidente da entidade, Humberto Ary.
Não é à toa a fama cearense nesse esporte, criado na década de 1990. Pesquisa no Google pelos termos “kitesurf” e “Ceará” indica mais de 560 mil citações em sites. Isso tornou o estado um “Havaí do Kitesurfe”, referência de surfe concedida aos pontos de prática de kite mais conhecidos no mundo. “Os ventos com direção do mar para a costa, comuns em todo o litoral com exceção da região de Jericoacoara, fazem com que a prática seja segura”, explica.


A invasão estrangeira proliferou uma infraestrutura hoteleira especializada no kitesurfe. Nos 578 km de litoral, pelo menos 15 praias se tornaram points da prática (veja lista abaixo). Nelas, nos últimos anos surgiram dezenas de pousadas, muitas delas abertas por imigrantes. Foi um desenvolvimento espontâneo, baseado no interesse de empresários em investir no turismo da modalidade. “Alguns desses visitantes chegam a vir duas vezes por ano ao país”, surpreende-se Dariusz.
O entrave ainda é a ausência de voos que liguem o estado diretamente aos países com grande número de praticantes. Caso dos Estados Unidos, origem de 10% dos kitesurfistas que viajam ao Ceará. Com isso, cerca de 80% dos visitantes são da Europa, que conta com voos periódicos a partir de Portugal e Itália. “Ainda assim são voos caros, mesmo para os padrões europeus: cerca de 1.000 euros (R$ 3.100)”, atesta o vice-presidente da ACK.

Em geral, cada kitesurfista passa de duas semanas a um mês no Ceará. E gasta uma média de R$ 250 por dia, 50% com hospedagem e o restante com alimentação. Não há estudo preciso, mas baseado no cálculo de 15 mil turistas, essa é uma indústria que movimenta pelo menos R$ 60 milhões por temporada de ventos. “O turismo do kitesurfe poderia ganhar a mesma importância que o esqui na neve tem para cidades com estações em montanhas”, comenta Humberto.
Para isso, bastaria que Governo do Estado e prefeituras enxergassem o potencial econômico, e soubessem divulgá-lo em outros estados e no exterior. Procurada peloTribuna do Ceará, a Secretaria de Turismo do Ceará não possui pesquisa sobre os turistas que visitam o estado para a prática de kitesurfe. Mesmo os dados desta reportagem são apenas da ACK.
“A gente já sugeriu que fosse feita uma checagem com cada estrangeiro que desembarca no aeroporto, mas a ideia não foi pra frente”, revela Humberto. O Ceará foi premiado pela natureza com sol durante o ano inteiro, mares quentes e ventos que chegam a 60km/h – condições ideais para o kitesurfe. Estrangeiros já descobriram isso. Falta agora aos cearenses desfrutarem economicamente.



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